Presidente ataca (de novo) Povos Indígenas e dados sobre desmatamento

Presidente Flow Povos Indígenas
Reprodução

A entrevista dada pelo atual presidente da República a um popular podcast no último final de semana foi um suco concentrado do que tem sido os últimos três anos e meio de desgoverno no Brasil. Além da grosseria que lhe é característica, ele aproveitou as quase cinco horas de gravação (com um mínimo quase simbólico de contraditório) para tocar seus greatest hits de desinformação e distorção, repetindo ataques contra os Povos Indígenas e dados do próprio governo sobre o desmatamento na Amazônia.

Questionado sobre a explosão dos incêndios florestais e do desmatamento na Amazônia, o presidente repetiu as papagaiadas de sempre. “A Amazônia não pega fogo por ser úmida”, as queimadas são “fogueiras feitas por índios e ribeirinhos”, as acusações contra um ex-ministro do meio ambiente de seu governo são “abobrinhas que não interessam à população”, entre outras frases sem sentido. Sobre o desmatamento, ele minimizou os dados dos últimos três anos e apelou para o já batido “mas e o PT?”, questionando a alta no desmate nos primeiros anos da gestão do ex-presidente Lula. Juliana Arini fez uma coletânea das pérolas presidenciais no site ((o)) eco.

Fora do mundo virtual, O Globo teve acesso a uma prévia do plano de governo que será oferecido pelo presidente em sua campanha à reeleição. O texto prevê a liberação da mineração em Terras Indígenas e sinaliza o interesse em revisar a metodologia de estimativa dos dados sobre desmatamento e queimadas na Amazônia, em linha com os ataques feitos pelo presidente ao longo de todo o seu governo contra o trabalho do INPE. “É fundamental, até para que o assunto tenha a necessária transparência, que seja determinado o desenvolvimento de metodologias que consolidem as bases de dados e harmonizem os resultados”, diz a minuta.

Sobre ações específicas de combate ao desmatamento, o texto não sai das platitudes e repete discursos batidos como o da “defesa da soberania nacional” sobre a Amazônia. O plano também coloca a questão como “indispensável” ao desenvolvimento econômico do Brasil, defendendo que indígenas e quilombolas terão a “LIBERDADE [caixa alta do próprio texto] de uso responsável dos recursos naturais que cada indivíduo ou coletividade dispõe legalmente no sentido de que exista, de fato, um crescimento ordenado, equilibrando proteção ambiental com crescimento econômico justo e sustentável para todos e benefícios sociais”. g1 e Valor também repercutiram os principais pontos da proposta de governo do presidente.

Em tempo: A Conferência Brasileira de Mudança do Clima (CBMC) apresentou nesta 3ª feira (9/8) um compromisso pela ação climática aos candidatos nas eleições deste ano. A proposta destaca o cenário adverso experimentado pelo Brasil nos últimos anos e lembra os alertas da comunidade científica sobre a gravidade da crise climática e a necessidade dos países reduzirem suas emissões de carbono o quanto antes e trabalharem na adaptação de suas infraestruturas e comunidades aos efeitos do aquecimento global. Entre as medidas propostas, estão a redução do desmatamento na Amazônia para zero, o alinhamento dos objetivos climáticos do Brasil com a meta de 1,5ºC de aquecimento do Acordo de Paris, além de incentivos para a transição energética para fontes renováveis. A notícia é do Metrópoles.

 

ClimaInfo, 11 de agosto de 2022.

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