“Parasita” não mais: depois de inundações históricas, Seul acaba com moradias subterrâneas

Seul bane moradias subterrâneas
Escritório Presidencial da Coreia do Sul

Na semana passada, Seul registrou a tempestade mais intensa em mais de oito décadas, causando inundações e deslizamentos de terra na região da capital sul-coreana. Além da destruição, as fortes chuvas também deixaram em evidência um problema crônico da cidade: os banjihas, apartamentos subterrâneos de baixo custo habitados por famílias pobres. Eles ganharam notoriedade internacional com o filme “Parasita”, do diretor Bong Joon-ho, grande vencedor do Oscar em 2020.

Os banjihas ganharam espaço no mercado imobiliário de Seul nos anos 1980, quando o governo autorizou a ocupação de áreas subterrâneas que serviam inicialmente como abrigo nos edifícios residenciais. Esses apartamentos viraram opções baratas de habitação em uma das cidades mais populosas do mundo, especialmente entre os mais jovens.

Esses espaços viraram uma representação da desigualdade social na Coreia do Sul pós-boom econômico – e, no caso de “Parasita”, um símbolo perfeito para o enredo principal do filme. De acordo com o governo local, cerca de 200 mil pessoas vivem em banjihas. São 5% das residências de Seul.

Muitos desses apartamentos subterrâneos ficaram debaixo d’água com as chuvas da semana passada. Pelo menos três pessoas de uma mesma família morreram presas em suas habitações, o que voltou a colocar os banjihas de volta no debate público sul-coreano. Em resposta, o governo de Seul anunciou que não mais concederá licenças para a instalação desse tipo de apartamento, e que pretende aplicar uma política habitacional que ofereça alternativas mais baratas e seguras para a população que os ocupa.

Al-Jazeera, BBC, Bloomberg, CNN, Guardian, NBC News, Reuters e VEJA, entre outros, destacaram a decisão das autoridades de Seul.

Em tempo: Autoridades do Japão alertaram neste final de semana quanto ao risco de deslizamentos de terra e enchentes por conta da passagem da tempestade tropical Meari sobre o país. A tempestade atingiu a Península de Izu na tarde de sábado (13/8) e se movia para nordeste a uma velocidade de 20 km/h, em uma rota que inclui a capital Tóquio, além de outras áreas do entorno. Até a tarde deste domingo, não havia registro de vítimas. Associated Press, Bloomberg, Guardian e Reuters deram mais informações.

 

ClimaInfo, 15 de agosto de 2022.

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