Clima vira motivo para “cotoveladas” diplomáticas entre EUA e China

EUA China diplomacia climática
Reprod. Twitter / Montagem ClimaInfo

O plano climático assinado pelo presidente Joe Biden nesta semana virou assunto para uma troca de alfinetadas entre representantes da Casa Branca e do governo da China nas redes sociais.

A relação entre os dois países, os maiores emissores de gases de efeito estufa, está em crise desde o começo do mês, depois da presidente da Câmara norte-americana, Nancy Pelosi, desafiar as autoridades de Pequim ao visitar a ilha de Taiwan. Em resposta, o governo chinês interrompeu os acordos de colaboração bilateral com os EUA, inclusive na área climática.

No Twitter, o embaixador norte-americano em Pequim, Nicholas Burns, celebrou a aprovação do pacote climático democrata e questionou os chineses sobre a retomada da cooperação climática entre os dois países.

“A nova lei é o maior investimento climático de nossa história e pode levar a uma redução de cerca de 40% de nossas emissões. A China deve seguir [o exemplo] e reconsiderar a suspensão da cooperação climática com os EUA”, escreveu Burns.

Em resposta, a conta oficial do Ministério de Relações Exteriores da China provocou: “Bom saber disso. Mas o que importa é: os EUA são capazes de cumprir [esse compromisso]?”.

O tom continuou quente na tréplica de Burns. “O Ato de Redução da Inflação [nome dado ao pacote] é agora lei, vocês podem apostar que cumpriremos nossos compromissos. Mas combater a mudança do clima é uma responsabilidade compartilhada: a China representa 27% das emissões globais, os EUA, 11%. Então por que a China não retoma o diálogo climático? Nós estamos prontos”, postou o diplomata.

Associated Press, Bloomberg e Climate Home, entre outros, destacaram o entranhamento público entre autoridades chinesas e norte-americanas.

Em tempo: O governo Biden está vendendo o pacote climático como o mais ambicioso esforço do mundo contra a crise climática. No entanto, na conta do padeiro, a coisa é um pouco mais delicada. De acordo com a Bloomberg, a China é, de longe, o país que mais investe na ação climática. No ano passado, os chineses despenderam (somando investimentos públicos e privados) US$ 297,5 bilhões em transição energética, bem acima dos US$ 155,7 bi investidos pela União Europeia e dos US$ 119,7 bi investidos pelos EUA. Mesmo o pacote climático norte-americano recém-sancionado, que prevê investimentos de mais de US$ 374 bilhões na próxima década, pode não ser suficiente para mudar o cenário. O Globo publicou tradução da reportagem.

 

ClimaInfo, 18 de agosto de 2022.

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