Metas climáticas do Big Oil são incompatíveis com Acordo de Paris

Big Oil metas climáticas
Karen Ducey GETTY/AFP

As juras climáticas das poderosas petroleiras são cada vez mais diáfanas e se aproximam cada vez mais do greenwashing. As promessas de transição para fontes limpas não se sustentam quando o investimento na exploração de fósseis é incomensuravelmente maior do que nas novas fontes renováveis e no armazenamento de eletricidade.

Mesmo no papel, as promessas são vazias. Um trabalho recém publicado na Nature mostra que os cenários de transição mais otimistas destas empresas são incompatíveis com a meta de estabilizar o aquecimento global em 1,5ºC.

Um grupo internacional de cientistas rodou um dos mais avançados modelos climáticos com os cenários mais desafiadores das petroleiras Shell, BP e Equinor, e também com o cenário Net Zero 2050 da Agência Internacional de Energia (IEA). Só este último se mostrou razoavelmente compatível com a meta. Os cenários mais otimistas da Equinor e da BP levam a uma chance de 20% de exceder até a meta mais conservadora de 2ºC em 2050. No da Shell, a chance passa de 30%.

Estas empresas precisarão fazer muito mais se quiserem continuar operando em um mundo climaticamente menos catastrófico do que o projetado pela melhor ciência. Robin Lamboll, do Imperial College e um dos autores do trabalho disse que “é importante que não permitamos que as petrolíferas promovam o seu próprio trabalho ao darem sugestões de como o mundo pode fazer a transição dos combustíveis fósseis de uma forma que cumpra o Acordo de Paris”. Ele também ressaltou a importância de se apontar os seus vieses quando as empresas tentam definir para o mundo aquilo que “é possível” e o acham que é “radical” em termos de objetivos climáticos.

Vale ver o release do Imperial College. O trabalho foi comentado na Folha, France 24, Independent, EuroNews e Business Green. Até a conservadora Forbes chamou os cenários petroleiros de “incompatíveis”.

 

ClimaInfo, 18 de agosto de 2022.

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