Etanol pode ser beneficiado em nova lei climática dos EUA

etanol
REUTERS/Jason Reed

A indústria norte-americana do etanol está animada com a possibilidade de se beneficiar com parte do pacote climático assinado pelo presidente Joe Biden nesta semana. A Lei de Redução da Inflação, que prevê investimentos de mais de US$ 370 bilhões em ação climática na próxima década, também expande os créditos fiscais para projetos industriais que capturam e armazenam emissões de CO2.

De acordo com a Reuters, a indústria espera usar essa tecnologia, auxiliada por uma rede de dutos de transporte de carbono no centro-oeste dos EUA, para atingir a meta de emissões líquidas zero até 2050. A produção de biocombustíveis é um dos setores que melhor se encaixa nessa possibilidade, e as empresas esperam que esse incentivo ajude a destravar novos investimentos nos próximos anos.

Não é apenas a turma dos biocombustíveis que ficou satisfeita com a nova lei climática dos EUA. Como assinalado pela Associated Press, a indústria dos combustíveis fósseis também encontrou motivos para reagir positivamente ao pacote democrata recém-sancionado por Biden. Mesmo com os incentivos para a geração renovável de energia, a nova lei prevê novos leilões de direitos de exploração de petróleo e gás natural em terras públicas federais e offshore, o que manterá uma margem para a produção seguir crescendo na próxima década.

De toda forma, no agregado, a expectativa da Casa Branca é de que o pacote climático viabilize uma redução de cerca de 1,1 bilhão de toneladas de CO2 equivalente na economia norte-americana até 2030, o que representaria um corte de 40% em relação ao total de emissões dos EUA em 2005. Essa redução é significativa, mas sozinha não teria condição de cumprir os objetivos de mitigação dos EUA sob o Acordo de Paris – um corte de 50%-52% até o final desta década. Os números são de uma análise inédita do Departamento de Energia dos EUA, revelados com exclusividade pela Associated Press.

Em tempo: Enquanto isso, a Reuters destacou análises de lideranças internacionais sobre o impacto do pacote climático sobre a posição dos EUA nas negociações sobre mudança do clima. O diagnóstico geral é de que a nova lei favorece os interesses da Casa Branca de colocar os EUA como liderança mundial nessa agenda, mesmo que ela possua suas incongruências. O embate diplomático com a China, destacado ontem aqui, também foi sinalizado pelos entrevistados como um fator a se observar no desenrolar da próxima rodada de negociações na COP27.

 

ClimaInfo, 19 de agosto de 2022.

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