Petrobras quer explorar “novo pré-sal” na costa do Amapá

21 de agosto de 2022
pré-sal Amapá
Agência Brasil

A Petrobras se prepara para iniciar a perfuração do primeiro poço de petróleo na bacia da Foz do Amazonas ainda neste ano. O empreendimento se arrasta há anos por conta da desistência de outras empresas petroleiras e de problemas no processo de licenciamento ambiental.

Sem as antigas parceiras BP e Total, a empresa brasileira quer levantar o projeto sozinha, de olho no potencial de produção da área – que pode ser o maior descoberto em águas territoriais brasileiras desde o pré-sal.

Em entrevista ao Estadão, o gerente executivo do projeto, Mario Carminatti, falou da expectativa da Petrobras na região Norte do país, impulsionada por descobertas recentes nas bacias das Guianas e do Suriname – áreas com características geológicas similares à bacia da Foz do Amazonas.

O primeiro poço será perfurado em um ponto a 160 km da costa norte do Amapá, em lâmina d’água de cerca de 2,8 mil metros. Para tanto, a empresa pretende investir US$ 2 bilhões até 2026, valor que representa 38% do investimento total para novas explorações nos próximos quatro anos.

Sobre os impactos ambientais potenciais do empreendimento, Carminatti promete que a Petrobras adotará soluções tecnológicas, como o novo supercomputador da empresa, o Pégaso. “Na Margem Equatorial, vamos adotar soluções conectadas com as melhores práticas de ESG, combinando inovação, eficiência e redução de pegada de carbono”, disse.

Aliás, é curioso o uso dessas palavras para definir um projeto de exploração de petróleo em pleno 2022, com a ciência já cansada de avisar sobre a necessidade de deixarmos de produzir e consumir petróleo para evitar a crise climática. Sem falar, claro, nos impactos diretos da exploração de petróleo na Foz do Amazonas que dificilmente poderão ser evitados, como sobre a biodiversidade marinha da região, em especial seus corais recém-descobertos.

Em tempo: A Bloomberg destacou o encarecimento do gás natural no Brasil depois de a Petrobras adiar o começo da operação do gasoduto Rota 3, que deve facilitar o transporte do combustível da Bolívia para os consumidores nacionais. A operação agora está prevista para começar em 2023. Com isso, o mercado brasileiro ficou exposto à alta internacional do gás natural, impulsionada pela crise energética na Europa. A “sorte” é que a demanda pelo combustível no Brasil diminuiu por conta da melhoria do nível dos reservatórios hidrelétricos. No entanto, se as chuvas forem escassas no próximo verão e o cenário externo se mantiver complicado, o Brasil pode ser forçado a pagar preços ainda mais altos para comprar mais gás.

 

ClimaInfo, 22 de agosto de 2022.

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