Seca extrema no hemisfério norte pode trazer mais instabilidade à economia global

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A forte estiagem que atinge porções dos EUA, Europa e China não trará impactos econômicos apenas nas regiões afetadas pela falta de chuvas. Com vários dos principais centros industriais e tecnológicos do mundo enfrentando restrições hídricas crescentes, as cadeias globais de suprimentos devem ser bastante impactadas, com efeitos-cascata que podem tomar toda a economia global.

“Secas severas em todo o hemisfério norte – que se estendem desde as fazendas da Califórnia até as hidrovias na Europa e na China – estão prejudicando ainda mais as cadeias de suprimento e elevando os preços dos alimentos e da energia, pressionando um sistema comercial global já sob estresse”, destacou o Wall Street Journal.

O Financial Times mostrou o impacto da seca nas principais bacias hidrográficas da América do Norte, Europa e Ásia. As projeções para os próximos meses não animam: sem previsão de chuvas e com o calor ainda forte em diversas partes destes continentes, rios importantes como o Colorado, Reno, Danúbio e Yangtze poderão ficar ainda mais secos.

Já a Bloomberg abordou uma possibilidade preocupante para o futuro, além do clima extremo: como em outras ocasiões no passado, quando a ocorrência de eventos climáticos extremos potencializou tensões sociais e econômicas que provocaram caos. A diferença é que, com a mudança do clima, esses episódios extremos ganharão mais frequência, com efeitos socioeconômicos difíceis de serem sequer especulados com alguma segurança. “O registro histórico nos diz para tomar cuidado: o clima extremo, seja qual for a causa, deixa o caos em seu rastro”, escreveu Stephen Mihm.

Em tempo: O clima mais seco também está no radar dos investidores. Como assinalou a Reuters, muitos endinheirados estão buscando investir em empresas e tecnologias que ajudem a dar mais resiliência à economia, de olho nos benefícios de longo prazo que elas podem trazer em um mundo com o clima cada vez mais extremo. “Quando a principal notícia é que os barcos não podem atravessar o rio Reno e os alemães não vão conseguir todos os seus suprimentos, isso definitivamente faz as pessoas pensarem sobre a água e nossos fundos”, explicou David Grumhais Jr., gerente de portfólio do Virtus Fund & Phelps Water Fund, que administra US$ 812 milhões em ativos.

 

ClimaInfo, 23 de agosto de 2022.

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