Bolsonaro ataca IBAMA e repete mentiras sobre desmatamento e queimadas na Amazônia

Bolsonaro no JN
Reprodução vídeo g1

A entrevista do presidente Jair Bolsonaro ao Jornal Nacional (TV Globo) foi um rosário de mentiras e distorções. Da gestão federal da pandemia à carestia do custo de vida, não houve um tema que não tenha sido distorcido pelo atual mandatário em sua fala aos jornalistas William Bonner e Renata Vasconcellos. A questão ambiental não escapou da tentativa de engodo de Bolsonaro, que repetiu seus greatest hits para minimizar a alta do desmatamento e das queimadas na Amazônia, o desmonte dos órgãos de fiscalização e proteção ambiental, o aperto orçamentário imposto ao ministério do meio ambiente e até mesmo acusações de corrupção envolvendo ex-auxiliares na área ambiental.

Questionado sobre a situação da Amazônia, Bolsonaro repetiu a inverdade de que indígenas e ribeirinhos são os responsáveis pelos focos de incêndio. Ignorando o aumento do desmatamento, o presidente afirmou que a prioridade do governo federal está nos 30 milhões de brasileiros que vivem na floresta, sem que seu governo tenha melhorado as condições de vida dessa população. Aliás, resta saber se, nessa conta, ele considera os Povos Indígenas, grupo diuturnamente atacado por ele e seus aliados nos últimos quatro anos. 

Ainda sobre o desmatamento, o presidente mirou a atuação do IBAMA, principalmente na destruição de maquinário de garimpo apreendido durante operações em áreas protegidas na Amazônia. A despeito de esta prática ser legal, nos casos em que a transferência dos equipamentos é inviável, ele voltou a criticá-la e a acusar o IBAMA de cometer “abuso” na fiscalização.

“A destruição [dos equipamentos], como está em lei, é se você não puder tirar o equipamento daquele local. O que vinha acontecendo e ainda vem, infelizmente, é que o material pode ser retirado do local, porque se chegou lá pode ser retirado e há o abuso de uma parte…”, disse Bolsonaro, que depois completou ao ser inquirido sobre quem seria o responsável pelo abuso. “Por parte do IBAMA”.  Ao mesmo tempo, o presidente reservou palavras carinhosas para um ex-ministro do meio ambiente de seu governo, que deixou o posto depois de ser acusado de envolvimento em um esquema de comércio internacional de madeira amazônica de origem ilegal. Ignorando completamente essa acusação, Bolsonaro defendeu que “não há corrupção” no governo e que os ministros têm “padrão S***** de competência”.

Vale a pena conferir o fact-check do g1 sobre a entrevista de Bolsonaro ao JN. Estadão e Folha também repercutiram as mentiras e distorções do presidente.

Em tempo: Nesta 2ª feira (22/8), no mesmo dia em que o presidente Jair Bolsonaro minimizou o aumento das queimadas, foram identificados 3.358 focos de calor na floresta, o maior número para o mês de agosto em pelo menos cinco anos. Nos últimos sete dias, os focos somaram 13.174, com uma média de 1.882 por dia. “Estamos chegando perto da metade da estação de fogo na Amazônia e já estamos registrando mais de 3.000 focos em um só dia. Esse número é maior do que aconteceu no ‘Dia do Fogo’, indicando que as previsões sobre aumento do fogo em anos de eleição começam a se concretizar”, observou Ane Alencar, do IPAM, a Carlos Madeiro no UOL.

 

ClimaInfo, 24 de agosto de 2022.

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