Interrupção do fornecimento de gás para Europa faz Rússia queimar US$ 10 milhões por dia

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COPERNICUS SENTINEL/SENTINEL HUB/PIERRE MARKUSE

Na queda-de-braço entre Rússia e União Europeia por causa da energia, quem perde é o planeta. Imagens de satélite divulgadas na última semana revelaram uma chama alaranjada de grandes proporções em uma estação de compressão para o gasoduto Nord Stream 1 em Portovaya, no litoral báltico.

De acordo com especialistas, o fogo é resultado da queima intencional de gás natural fóssil que, em situação normal, seria fornecido pela russa Gazprom a consumidores na Europa. No entanto, com as restrições crescentes de fornecimento do gás pelas autoridades de Moscou, o combustível que não está sendo repassado aos europeus está sendo queimado.

Analistas da consultoria Rystad ouvidos pela BBC estimam que cerca de 4,34 milhões de metros cúbicos de gás estão sendo queimados todos os dias, o equivalente a 0,5% das necessidades diárias da UE.

Desde junho, a Gazprom vem realizando cortes sucessivos no fornecimento de gás através do Nord Stream 1, sob a justificativa de problemas técnicos e manutenção. No entanto, para os governos europeus, a ação é uma resposta ilegal do governo russo às sanções internacionais impostas contra Moscou por conta da invasão à Ucrânia, desrespeitando contratos de fornecimento.

Para a Reuters, a pesquisadora finlandesa Esa Vakkilainen, da Universidade Politécnica de Lappeenranta (LUT), afirmou que a Gazprom pode ter queimado até 1.000 euros de gás por hora nos últimos dois meses.

“Portanto, este também é um grande problema ambiental, especialmente para a região do Polo Norte, onde a fuligem definitivamente tem um efeito sobre o aquecimento global”.

Segundo a Rystad, cerca de 9 mil toneladas de CO2 estão sendo emitidas diariamente pela queima de gás em Portovaya.

CNN Brasil, Deutsche Welle e Guardian, entre outros, repercutiram a notícia.

Enquanto isso, os países europeus seguem sob pressão em seus mercados energéticos. Segundo a Bloomberg, o preço da energia na Alemanha e na França atingiu novos recordes na última semana causados por interrupções na operação de reatores nucleares motivadas pela onda de calor que assola boa parte do continente.

Ao mesmo tempo, os contratos futuros de gás estão sendo negociados com alta de 11%. O preço do gás está próximo do patamar registrado no final de fevereiro, logo após a invasão russa da Ucrânia, quando atingiu máximas diárias sem precedentes.

A nova alta do preço da energia na UE motivou um pedido da República Tcheca aos parceiros da União por uma reunião emergencial para discutir “medidas extraordinárias para resolver a situação energética”, como assinalou o premiê tcheco, Petr Fiala, em um post do Twitter.

A Forbes elencou algumas medidas possíveis, como o estabelecimento de teto para os preços da energia.

 

ClimaInfo, 29 de agosto de 2022.

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