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Megaincêndios na Austrália afetaram camada de ozônio, sugerem cientistas

Um estudo publicado na semana passada por pesquisadores ingleses e australianos concluiu que as nuvens de fumaça liberadas pelos megaincêndios que atingiram a Austrália na virada de 2019 para 2020 chegaram aos níveis mais altos da atmosfera terrestre e provavelmente danificaram a camada de ozônio. De acordo com a análise, os incêndios liberaram partículas aerossóis que subiram rapidamente na atmosfera, causando as temperaturas mais altas na estratosfera em cerca de três décadas.

A estratosfera normalmente não varia muito em temperatura por causa de eventos na superfície da Terra, com exceção de erupções vulcânicas. No entanto, os cientistas identificaram um aumento repentino e inesperado da temperatura nessa faixa mais alta da atmosfera terrestre, com pico de 3°C na região da Austrália e uma média global de 0,7oC acima dos níveis normais. Na mesma época, outros pesquisadores identificaram o surgimento de um buraco de grande porte na camada de ozônio, que se espalhou pela maior parte da Antártica. Segundo o estudo, essa ocorrência pode estar diretamente associada aos incêndios devastadores na Austrália, que injetaram enormes fumaças na estratosfera inferior.

As partículas de fumaça são cerca de 50 vezes mais eficientes na absorção da luz solar do que as partículas de sulfato vulcânico. A radiação solar aquece essas partículas, fazendo com que esse ar carregado de fumaça suba atmosfera acima. Uma vez na estratosfera, as partículas aquecidas podem causar mudanças no ozônio por meio de alterações na circulação atmosférica; além disso, reações químicas na superfície das partículas de fumaça podem esgotar o ozônio. 

O estudo foi publicado na revista Scientific Reports e teve destaque em veículos como The Hill, Phys e Washington Post.

 

ClimaInfo, 30 de agosto de 2022.

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