Juristas criticam “conciliação” em ações que contestam demarcação de Terras Indígenas no STF

2 de setembro de 2022
Terrs Indígenas demarcação
Evaristo Sá/AFP

O Supremo Tribunal Federal (STF) virou palco de um vai-e-vem judicial sobre o uso de conciliação em processos relativos à demarcação de Terras Indígenas. Há seis meses, o ministro Gilmar Mendes suspendeu essa medida no caso que questiona a TI Apyterewa, no Pará, sob a justificativa de que ela intensificou a violência e os casos de invasão nos territórios. No entanto, no final de maio, o também ministro Dias Toffoli estabeleceu a conciliação para o processo que contesta a homologação da TI Kayabi, no Mato Grosso, argumentando que existiria um “ambiente favorável às tratativas de conciliação”.

Como assinalado por Lucas Altino n’O Globo, o uso de conciliação em processos dessa natureza levanta preocupação entre juristas e advogados. Isso porque, em casos recentes, tentativas de conciliação acabaram resultando em mais problemas para os Povos Indígenas, que denunciam novas invasões, ameaças e intimidação de violência por fazendeiros e forasteiros. Para eles, esse instrumento dá margem para que potenciais invasores possam chantagear e enganar os indígenas, só para obterem um acordo e seguirem invadindo e destruindo terra indígena.

“A Constituição estabelece isso justamente para que os indígenas não possam ser coagidos e pressionados a desistirem de seus direitos. Ao abrir esse tipo de conciliação, o STF passa uma mensagem contrária, ao indicar que um acordo seria possível. Isso abre margem para os indígenas serem pressionados, ameaçados e ludibriados com falsas promessas para aceitarem acordos que visam, na verdade, a redução de terras e a disponibilidade de seus direitos”, argumentou Juliana Paula Batista, advogada do Instituto Socioambiental (ISA).

Em tempo: A Polícia Federal realizou uma operação na última 4ª feira (31/8) que desmobilizou focos de garimpo na região dos rios Cupu e Verde, afluentes do rio Parauapebas, no Pará. Além de apreender e/ou inutilizar vários equipamentos para derrubada de floresta e garimpo, os policiais também cumpriram 14 mandados de busca e apreensão no Projeto Cristalino, no município de Canaã dos Carajás, inclusive em um endereço da prefeitura local. Segundo os investigadores, a exploração ilegal de ouro vinha acontecendo há vários meses, resultando na poluição dos rios que abastecem o municípios de Parauapebas, no sudoeste do estado. CNN Brasil e O Liberal deram mais informações.

 

ClimaInfo, 2 de setembro de 2022.

Clique aqui para receber em seu e-mail a Newsletter diária completa do ClimaInfo.

Continue lendo

Assine nossa newsletter

Fique por dentro dos muitos assuntos relacionados às mudanças climáticas

Em foco

Aprenda mais sobre

Glossário

Este Glossário Climático foi elaborado para “traduzir” os principais jargões, siglas e termos científicos envolvendo a ciência climática e as questões correlacionadas com as mudanças do clima. O PDF está disponível para download aqui,
1 Aulas — 1h Total
Iniciar