Queimadas explodem: Amazônia tem o agosto com mais incêndios dos últimos 12 anos

queimadas Amazônia 2022
Ago.2022. Queimada na TI Mãe Maria, Pará © Aiteti_Gavião / WWF-Brasil

O fogo consome a Amazônia a um ritmo não visto em mais de uma década. De acordo com o INPE, o bioma registrou 33.116 focos de queimadas em agosto, o maior número para o mês desde 2010. O dado também consolida um aspecto preocupante: sob o atual governo, a Amazônia experimentou os quatro piores meses de agosto da última década em números de queimadas. Na somatória desses meses, foram 121.383 focos de queimadas – para efeito de comparação, os meses de agosto entre 2011 e 2018 somam 128.722 focos.

A explosão das queimadas no último mês supera inclusive agosto de 2019, quando os incêndios na Amazônia ganharam o noticiário internacional por conta da densa pluma de fumaça que cobriu o Sudeste e o Sul do Brasil. Ao mesmo tempo, os dados do último mês refletem a intensificação do uso ilegal do fogo na vegetação: no último dia 22, o bioma registrou seu pior dia de queimadas em 15 anos, com 3.358 focos, número quase três vezes maior que o infame “Dia do Fogo”, que também ocorreu em agosto de 2019.

“O descontrole das queimadas observado nos últimos quatro anos está estreitamente associado a um aumento do desmatamento e da degradação florestal nesse período”, explicou Mariana Napolitano, do WWF-Brasil. “A Amazônia é uma floresta tropical úmida e, ao contrário do que ocorre em outros biomas, o fogo não faz parte de seu ciclo natural. Os incêndios não surgem de forma espontânea no bioma e sua ocorrência está sempre associada a ações humanas – em especial ao desmatamento e à degradação florestal”.

O quadro das queimadas amazônicas em 2022 é preocupante. Como assinalado na edição de ontem, uma estimativa do Instituto Centro de Vida (ICV) indica que a área de floresta queimada em toda a Amazônia Legal neste ano já chega a 3,7 milhões de hectares, sendo que mais da metade desse total, 1,9 milhão de hectares, queimou depois da publicação de um decreto presidencial que proibiu as queimadas em todo o país.

Amazônia Real, CartaCapital, Deutsche Welle, Folha, g1, Metrópoles, ((o)) eco e O Globo, entre outros, repercutiram a intensificação das queimadas amazônicas em agosto.

Em tempo: O g1 publicou imagens de um sobrevoo feito pelo Greenpeace Brasil na divisa entre Amazonas, Acre e Rondônia (também conhecida como AMACRO) na última 3ª feira (30/8). Nessa região, o avanço do desmatamento está impulsionando a ocorrência de queimadas a tal ponto que mesmo analistas experientes se assombram com o que acontece agora. “Participo desses monitoramento há mais de dez anos e nunca tinha visto um desmatamento tão grande e também com tanta fumaça”, destacou Rômulo Batista, do Greenpeace, à reportagem.

 

ClimaInfo, 2 de setembro de 2022.

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