Europa e Rússia intensificam “tiroteio energético” com cortes de gás e limite de preço para combustíveis

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REUTERS/Hannibal Hanschke/

A queda-de-braço entre União Europeia e Rússia por conta da crise energética e da invasão da Ucrânia inaugurou um novo capítulo de tensões na 6a feira (2/9), quando a empresa russa Gazprom anunciou a interrupção total e indefinida do fornecimento de gás natural através do gasoduto Nord Stream 1.

O anúncio aconteceu logo após a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, afirmar que os países da UE poderiam impor um limite ao preço dos combustíveis russos para evitar uma disparada dos preços durante o inverno. 

Segundo a Gazprom, a interrupção seria motivada por um vazamento de óleo em um trecho do gasoduto, o que impediria sua reativação neste sábado (3/9), tal como prometido anteriormente. No entanto, como assinalado pela Reuters, especialistas da empresa Siemens, que presta serviços de manutenção para o Nord Stream 1, discordam desta avaliação, afirmando que a estrutura poderia seguir funcionando mesmo com o vazamento.

Isto reforça a acusação feita por governos europeus à Rússia. Esta estaria descumprindo contratos internacionais de fornecimento de gás para retaliar as sanções ocidentais contra o país, decorrentes da invasão à Ucrânia.

Enquanto isso, a UE segue vasculhando fornecedores alternativos de gás para substituir o combustível russo e evitar um aperto energético ainda mais forte no inverno. De acordo com Von der Leyen, o bloco conseguiu antecipar em um mês o esforço de carregar seus tanques de armazenamento de gás com 80% de sua capacidade, o que era previsto para outubro, mas foi atingido no final de agosto. 

“Vemos que o mercado de eletricidade não está mais operando porque está sendo severamente perturbado pela manipulação de [Vladimir] Putin”, disse a chefe da Comissão Europeia, citada pela Associated Press. “Agora é hora de [estabelecer um] teto de preço para o gás do gasoduto russo exportado para a Europa”.

A proposta foi bem-recebida pelo presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, que desde o começo da guerra defende uma proibição aos combustíveis russos como uma maneira de estrangular a máquina de guerra do país. No entanto, a Reuters destacou a reação negativa do Kremlin, que ameaçou barrar qualquer venda de petróleo russo aos países que impuserem limite aos preços do combustível.

Associated Press, BBC, Bloomberg, CNN, Financial Times, Jornal Nacional (TV Globo), NY Times, Reuters, Wall Street Journal e Washington Post repercutiram a crise energética na Europa e a troca de acusações entre UE e Rússia.

Em tempo: Uma nova legislação climática aprovada na França proibiu a propaganda de combustíveis fósseis. Anunciada no último 22 de agosto, a legislação proíbe a publicidade de todos os produtos energéticos relacionados aos combustíveis fósseis, tais como produtos petrolíferos, energia proveniente da combustão de carvão e carvão contendo hidrogênio. Mas os anúncios para gás natural ainda são permitidos por enquanto, mas novas regras devem ser introduzidas em junho do próximo ano.

 

ClimaInfo, 5 de setembro de 2022.

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