Nova primeira-ministra indica negacionista para cargo-chave no Reino Unido

Reino Unido Liz Truss
PHIL NOBLE/REUTERS

Depois de quase dois meses de disputa política, os conservadores finalmente escolheram a parlamentar Liz Truss para suceder o encalacrado Boris Johnson no comando do Reino Unido. Truss tomou posse na última 3a feira (6/9), tornando-se a terceira mulher da história a ocupar o posto de primeira-ministra britânica.

Mas o clima festivo não durou nem um chá das cinco da tarde. O novo governo assume com desafios políticos e econômicos tremendos: o preço da energia e a inflação já corroem o poder de compra dos britânicos, que ainda precisam lidar com os impactos amargos de um processo tumultuado de saída do Reino Unido da União Europeia. Para piorar, a nova premiê não se ajudou muito ao escolher um notório negacionista da crise climática para o comando do ministério da energia.

O nome escolhido é o do parlamentar Jacob Rees-Mogg, que ganhou destaque durante o Brexit e que representa a ala mais extremista do Partido Conservador. No passado, Rees-Mogg manifestou ceticismo quanto à gravidade das mudanças climáticas e acusou o “alarmismo” de ativistas e cientistas que defendem a transição para fontes energéticas renováveis como caminho para reduzir as emissões de gases de efeito estufa.

Rees-Mogg também se manifestou favoravelmente à continuidade da exploração de petróleo e gás natural no Mar do Norte e criticou a meta estabelecida pelo governo Johnson de descarbonização da economia britânica até 2050.

O Guardian assinalou a preocupação de conservadores pró-ação climática com a indicação de Rees-Mogg, bem como a promessa de Truss de manter as políticas climáticas do governo Johnson na nova gestão, inclusive a meta net-zero.

A primeira-ministra também manteve Alok Sharma no cargo de presidente da COP26, garantindo assim sua continuidade no comando das negociações climáticas da ONU até a abertura da próxima COP27, em novembro no Egito.

“Rees-Mogg é a última pessoa que deveria estar encarregada da pasta de energia, no pior momento possível. Ele culpou o ‘alarmismo climático’ pelas altas contas de energia, pressionando [o ex-primeiro-ministro] David Cameron para ‘cortar a porcaria verde’ como incentivos para energia solar, eólica e eficiência energética”, criticou Rebecca Newson, do Greenpeace UK, citada por Fiona Harvey no Guardian. “Nomeá-lo para o cargo agora sugere que os conservadores não aprenderam nada com anos de incompetência em política energética”. HuffPost, Independent e Reuters repercutiram a indicação.

 

ClimaInfo, 8 de setembro de 2022.

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