Europa: US$ 500 bi para subsidiar energia para o inverno

Europa crise energética
Flickr Creative Commons

O fim do verão no hemisfério norte começa a ser sentido no bolso dos países europeus, que temem pelos efeitos da crise energética sobre a economia do continente em meio a uma escalada dos preços internacionais e a continuidade das tensões com Moscou por conta da guerra na Ucrânia.

Como assinalado pela CNN, tanto a União Europeia como o Reino Unido preparam o terreno para injetar centenas de bilhões de dólares em subsídios nos próximos meses para evitar uma disparada ainda maior do preço da energia. Ao todo, ao menos por ora, essa conta pode ficar em incríveis 500 bilhões de dólares.

A nova primeira-ministra, Liz Truss, já confirmou que pretende estabelecer um teto para a tarifa elétrica no Reino Unido, além de derrubar um veto antigo a projetos de fracking para ampliar a produção doméstica de gás.

De acordo com Truss, o valor médio das contas de eletricidade e aquecimento não serão superiores a 2,5 mil libras esterlinas por ano (cerca de R$ 14 mil); ao todo, esse teto terá um custo de mais de 100 bilhões de libras (quase R$ 600 bi) em um ano. A notícia é da Associated Press.

Do outro lado do Canal da Mancha, a União Europeia também prepara medidas para conter a carestia da energia e garantir o fornecimento elétrico durante o inverno. Depois da interrupção total pela Rússia do fornecimento de gás natural pelo gasoduto Nord Stream 1, a Comissão Europeia quer estabelecer novos tributos sobre energia renovável, especialmente sobre seus rendimentos extraordinários dos últimos trimestres, além de definir um teto para o preço do gás natural russo e metas obrigatórias de economia de energia para os países da UE.

“Essas receitas não refletem seus custos de produção. Portanto, agora é hora dos consumidores se beneficiarem dos baixos custos das fontes de baixo carbono”, defendeu a presidente da Comissão Ursula Von der Leyen.

Outro foco é o lucro astronômico que a indústria fóssil teve no último semestre com a escalada do preço do óleo. Guardian e Valor repercutiram a informação.

O Guardian noticiou a negativa do chanceler alemão Olaf Scholz à proposta de adiar o fechamento das usinas nucleares ainda em operação no país. A oposição conservadora defende uma prorrogação da vida útil dessas usinas, de forma a garantir a segurança energética do mercado alemão no médio prazo, a despeito dela própria ter sido a responsável pela decisão, ainda em 2011, durante o governo da ex-chanceler Angela Merkel.

Scholz criticou os pedidos e disse que o país está próximo da independência do gás russo para geração de energia, substituindo-o por gás de outros fornecedores e por fontes renováveis.

Em tempo: Uma análise do think tank Ember mostrou um dos poucos pontos positivos deste verão de calor intenso na Europa – a produção de energia solar atingiu 99,4 TWh nos meses de calor, um aumento de 28% em relação ao mesmo período no ano passado. Em termos comparativos, a energia solar extra gerada neste verão permitiu uma economia de cerca de 20 bilhões de metros cúbicos de gás natural, bem como uma economia de até 29 bilhões de euros. Associated Press e Bloomberg destacaram a notícia.

 

ClimaInfo, 9 de setembro de 2022.

Clique aqui para receber em seu e-mail a Newsletter diária completa do ClimaInfo.