Os nomes (e a grana) por trás dos tratores que marcharam no 7 de setembro em Brasília

Tratores 7 de setembro fundos
Caio de Freitas Paes/Agência Pública

O sete de setembro foi marcado por lamentáveis episódios de politização das celebrações da Independência do Brasil pelo presidente Jair Bolsonaro e seus aliados. Em Brasília e no Rio de Janeiro, o candidato à reeleição dobrou a pompa e a circunstância do 200o aniversário do país e instrumentalizou as festividades em favor de sua campanha, com direito à micareta golpista já tradicional dos partidários do presidente.

Em particular, um episódio chamou a atenção: a “marcha de tratores” que acompanhou o desfile militar tradicional na Esplanada dos Ministérios. A ideia de Bolsonaro era juntar dois campos favoráveis ao seu governo, militares e agronegócio, e mostrar a força de ambos. Por outro lado, como nada disso foi gratuito, é interessante saber quem financiou essa pataquada.

A Agência Pública identificou os proprietários de 24 dos 28 veículos que participaram do evento, apontando grandes empresários de implementos e maquinários agrícolas, produtores rurais e representantes de sindicatos regionais do agro. Cada um gastou entre R$ 4 e R$ 15 mil para garantir presença no desfile.

Um desses nomes é o do empresário João Antônio Franciosi, grande proprietário de terras no oeste da Bahia com histórico de encrencas judiciais sob acusação de grilagem e venda de terras públicas. Ele também foi multado pelo IBAMA em R$ 1,6 milhão por desmatamento ilegal.

Outro nome, esse já famoso no agro bolsonarista, é o de Antônio Galvan, ex-presidente da APROSOJA e atual candidato ao Senado pelo Mato Grosso. Como assinalado por ((o)) eco, Galvan é investigado no inquérito que investiga atos antidemocráticos e já foi condenado por danos ambientais, como o plantio irregular de soja.

O filho de Antonio Galvan, Rafael, também é acusado pelo Ministério Público Federal por desmatamento ilegal de 217 hectares em uma propriedade no MT, com multa de quase R$ 3,5 milhões.

Em tempo 1: A população do Acre sofre com a falta de acesso à água potável em comunidades rurais e ribeirinhas. No entanto, nenhum dos candidatos ao governo do estado parece dar muita trela à questão. Mesmo estando no meio da Amazônia, uma das áreas com mais abundância de água no planeta, os acreanos sofrem com a seca e, em muitos casos, precisam recorrer a caminhões-pipa para conseguir obter a água para suas necessidades básicas. ((o)) eco deu mais informações.

Em tempo 2: A bancada de deputados da Amazônia Legal na Câmara tem votado sistematicamente a favor de projetos que prejudicam a floresta e facilitam sua destruição. ((o)) eco destacou um levantamento, feito a partir do Ruralômetro 2022, da Repórter Brasil, que mostrou que, dos 91 parlamentares da região, 69 votaram favoravelmente a proposições de leis ou medidas enviadas pelo Poder Executivo que enfraqueceram a proteção ambiental e ameaçaram os Direitos dos Povos Indígenas e das Comunidades Tradicionais da floresta. Por exemplo, a maior parte dos deputados amazônicos votou a favor do regime de urgência para tramitação do PL 191/2020, que regulamenta a mineração em Terras Indígenas, em março deste ano.

 

ClimaInfo, 12 de setembro de 2022.

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