Desmonte da fiscalização marca gestão Bolsonaro no meio ambiente

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Victor Moriyama/Greenpeace

Desolação. Esse é o sentimento de servidores do IBAMA e do ICMBio ao final de quatro anos de ameaças, agressões, desmoralização, perseguição política, estrangulamento orçamentário e desmonte da estrutura de fiscalização pelo governo de Jair Bolsonaro. Mais do que a destruição ambiental em si, o que assusta mais é o enfraquecimento dos órgãos ambientais, a tal ponto que mesmo uma retomada das coisas por um futuro governo demorará muito tempo para surtir efeito.

“Atualmente, temos órgãos ambientais totalmente desmontados. A fiscalização ambiental vem sendo ocupada por pessoas sem experiência e sem compromisso”, alertou Denis Riva, presidente da Associação Nacional dos Servidores Ambientais (ASCEMA), ao Amazônia Real. “É dever do próximo governo reestruturar os órgãos com a experiência dos técnicos e do movimento social comprometido com a agenda ambientalista”.

Nada disso é acidental. O desmonte da política ambiental está intimamente associado à destruição do meio ambiente e aos interesses dos setores políticos e econômicos que se beneficiam com isso. Parte dessa turma já está nos gabinetes acarpetados de Brasília, com postos de destaque dentro do governo federal e do Congresso Nacional. A “boiada” que certo ex-ministro do meio ambiente sugeriu passar sobre as leis ambientais não veio de um portal interdimensional, mas sim do projeto político encabeçado pelo atual presidente.

“Bolsonaro causou dois grandes males para a área ambiental. O primeiro foi essa agenda do retrocesso, expressa nos recordes de desmatamento e no fim dos espaços da sociedade civil, que foram liquidados”, observou a ex-ministra Izabella Teixeira ao Projeto Colabora. “O segundo é a visão completamente equivocada sobre soberania e o papel do Brasil no debate Internacional. Ele tira o Brasil da perspectiva contemporânea da agenda ambiental. Na época do Acordo de Paris [2015], o desmatamento representava 15% das emissões brasileiras, hoje representa mais de 40%”.

Não à toa, a questão ambiental ganhou um destaque maior nesta campanha eleitoral do que em anos anteriores. O desgaste sofrido pelo Brasil nos últimos quatro anos com a escalada do desmatamento e a política antiambiental do governo Bolsonaro colocou o tema do meio ambiente como um aspecto crucial para recuperar a imagem internacional do país. Como bem assinalou Ana Carolina Amaral na Folha, pontos como desmatamento zero, transição energética e descarbonização deixaram de ser exclusividade dos capítulos finais dos planos de governo e passaram a constar nas propostas de áreas como política externa e economia. Dos quatro principais candidatos à Presidência, apenas o atual presidente parece inerte a essa movimentação. 

CNN Brasil e Metrópoles também elencaram as principais propostas dos presidenciáveis para o meio ambiente.

Em tempo: Marina Silva formalizou seu apoio a Lula neste primeiro turno e entregou ao petista um documento em que pede compromissos na área ambiental. “O programa da Marina é uma proposta plenamente possível de ser colocada em prática. Não é proposta para um mês ou um ano, mas é uma a ser trabalhada e perseguida”, disse o candidato à Presidência. O g1 traz o documento na íntegra.

 

ClimaInfo, 13 de setembro de 2022.

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