Desmatamento do Cerrado aumentou 15% no último trimestre

desmatamento Cerrado
Nelson Almeida/AFP

Uma área equivalente ao Distrito Federal foi desmatada no Cerrado somente no 1º semestre de 2022, apontou o novo Sistema de Alertas de Desmatamento (SAD) Cerrado, lançado pelo IPAM nesta semana. Nos seis primeiros meses do ano, cerca de 472,8 mil hectares foram derrubados, sendo pouco mais de 291 mil hectares apenas no 2º trimestre. O dado do último trimestre representa uma alta de 15% na área desmatada na comparação com o mesmo período do ano passado.

De acordo com o SAD Cerrado, o Maranhão concentrou a maior parte das áreas desmatadas, com 124,7 mil hectares (26,4% do total) nos últimos seis meses, seguido pelo Tocantins, com 108,7 mil hectares desmatados. Entre os municípios, destacam-se Balsas (MA), que desmatou mais de 12 mil hectares, e São Desidério (BA), com 9,5 mil; a cidade baiana concentra a 3ª maior produção de soja do Brasil, segundo o IBGE.

“A tendência do desmatamento no Cerrado está nas áreas que estão se consolidando nessa fronteira, como no MATOPIBA. O que a gente percebeu é que a soja está descendo dos chapadões, se implantando em áreas que não tem tanta aptidão, mas que são favorecidas pela proximidade da estrutura da produção agrícola”, explicou Juan Doblas, pesquisador do IPAM responsável pelo novo sistema.

A ideia é que o SAD Cerrado sirva como um complemento ao monitoramento realizado pelo INPE através do sistema DETER, além de apoiar pesquisadores e gestores públicos na análise dos processos e locais do desmatamento no bioma. “Esperamos que o SAD Cerrado seja uma ferramenta para criação de políticas públicas voltadas a compatibilizar o desenvolvimento econômico e a conservação do Cerrado, um bioma extremamente importante para a dinâmica hídrica e para a estocagem de carbono”, afirmou André Guimarães, diretor-executivo do IPAM.

Folha, g1, ((o)) eco e Valor repercutiram os dados do SAD Cerrado.

Em tempo: A região central do Brasil deve enfrentar condições meteorológicas bastante difíceis nos próximos dias. De acordo com a MetSul, uma massa de ar seco e quente está ganhando força e pode criar um “clima de deserto” no meio do Cerrado. Além do ar seco, o calor intenso pode facilitar a ocorrência e a disseminação de incêndios na vegetação, em uma área que vai desde o limite de Goiás e Tocantins até Minas Gerais e parte do interior do Nordeste.

 

ClimaInfo, 14 de setembro de 2022.

Clique aqui para receber em seu e-mail a Newsletter diária completa do ClimaInfo.