O trabalho de recuperação de uma área contaminada por um vazamento de petróleo na região de Ogoniland, no sul da Nigéria, contratado pela petroleira Shell, utilizou técnicas inadequadas, o que resultou em uma limpeza pouco eficiente que não conseguiu eliminar o risco de contaminação pelas pessoas.
De acordo com uma análise científica feita pela organização Stakeholder Democracy Network (SDN) e divulgada neste mês, amostras de água retiradas do delta do rio Níger mostraram a presença de hidrocarbonetos bem acima dos níveis aceitáveis.
“Encontramos contaminantes acima dos limites estabelecidos em mais de 25% dos locais que foram certificados como limpos nos trabalhos concluídos até dezembro de 2021, e acreditamos que haja um risco significativo de contaminação secundária causada por más práticas de algumas das empresas contratadas”, afirmou o grupo.
A situação pode ser ainda pior: segundo a entidade, as amostras mais recentes foram analisadas por um laboratório no Reino Unido, em paralelo à análise feita por laboratórios nigerianos. “Das 16 amostras que tinham níveis de hidrocarbonetos totais de petróleo (TPH) acima dos limites de detecção, a análise laboratorial do Reino Unido relatou níveis de TPH que eram, em média, o dobro dos relatados pela análise laboratorial local”.
A entidade pediu às autoridades nigerianas o envolvimento contínuo de técnicos do Programa da ONU para o Meio Ambiente (UNEP) para que possam acompanhar o trabalho de limpeza e garantir que este esteja acontecendo de maneira efetiva.
“As pessoas em Ogoniland vivem há décadas com os riscos à saúde da extensa poluição por petróleo e a perda dos meios de subsistência por danos ambientais – esta deve ser a primeira e a principal preocupação de todos os envolvidos na limpeza”, defendeu Calvin Laing, diretor-executivo da SDN.
Bloomberg e Reuters repercutiram essa informação.
ClimaInfo, 15 de setembro de 2022.
Clique aqui para receber em seu e-mail a Newsletter diária completa do ClimaInfo.