FEBRABAN avança regras para dificultar empréstimos a frigoríficos relacionados ao desmatamento

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Daniel Beltrá/Greenpeace

Os frigoríficos brasileiros podem vir a ter dificuldade para obter empréstimos de bancos comerciais caso estejam relacionados direta ou indiretamente com a derrubada de floresta. 

O Repórter Brasil destacou a movimentação do setor bancário para utilizar seu poder de alavancagem financeira para reduzir os impactos ambientais e climáticos de seus negócios, além de induzir outros setores no mesmo sentido. O peso dessa medida não será pequeno: desde 2017, só o Banco do Brasil e o Bradesco emprestaram juntos quase US$ 2 bilhões para as empresas do segmento no país.

Pela normativa em discussão, qualquer operação de crédito a empresas que abatem gado estará condicionada ao monitoramento de fornecedores diretos e indiretos, de maneira a garantir que a carne processada não tenha sido criada em propriedades desmatadas ilegalmente ou com outras pendências ambientais. 

As garantias seriam apresentadas a partir de um plano de monitoramento, apresentado pelas empresas como pré-requisito para a operação, e da publicização de dados relativos ao volume total de abate e o percentual que não cumpre com os requisitos socioambientais. Ao final de dois anos, nenhuma irregularidade seria admitida.

O problema é o prazo para essas medidas saírem do papel: a proposta original prevê seu início em 2023, o que significaria que nenhum frigorífico relacionado com desmatamento poderia obter crédito no Brasil a partir de 2025. No entanto, como os membros da FEBRABAN precisam aprovar a resolução para que ela saia do papel, certamente esse cronograma será atrasado – e não dá para saber o quanto.

Em tempo 1: Ainda sobre a indústria da carne, o Repórter Brasil divulgou na semana passada um relatório que mostra a facilidade com a qual produtores conseguem fraudar documentos que comprovariam a origem legal de gado para os grandes frigoríficos. As fraudes vão desde esquemas de burla dos controles dos frigoríficos até golpes envolvendo servidores públicos e hackers, que apagam registros oficiais como multas ambientais das fazendas.

Em tempo 2: Um estudo mostrou que a adoção de boas práticas agrícolas (como plantio direto, preservação de reservas ambientais e recuperação de terras degradadas) entre os produtores de soja na região do MATOPIBA (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) pode contribuir com a captura de carbono. Os autores, da Fundação Solidariedad, analisaram 150 mil hectares de cultivo que utilizam essas práticas e estimaram o balanço de carbono: enquanto as plantações emitiram cerca de 150 mil toneladas de dióxido de carbono equivalente (CO2e), elas absorveram mais de 242 mil toneladas de CO2e – ou seja, compensando as emissões em mais de 161%. O Valor deu mais informações.

 

ClimaInfo, 16 de setembro de 2022.

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