Governo do Egito tergiversa sobre alta nos preços de hospedagem para a COP27

COP27 Sharm el-Sheikh
Serhio Magpie/Flickr

Para surpresa de ninguém (talvez só da UNFCCC), o governo do Egito parece pouco preocupado em facilitar a participação de representantes da sociedade civil global na próxima Conferência da ONU sobre o Clima, programada para acontecer em novembro na cidade de Sharm el-Sheikh.

Ativistas de todo o mundo estão enfrentando problemas para obter hospedagens, com um encarecimento excessivo das tarifas pelos hotéis da região. Cobradas, as autoridades egípcias apelaram para a negação pura e simples do problema.

Em um briefing oficial de logística pré-COP realizado nesta semana, diversos representantes de organizações sociais pediram ao governo egípcio que atuasse para conter a alta dos preços e o cancelamento de reservas pelos hotéis. No entanto, os representantes oficiais tiraram o corpo fora e disseram não ter qualquer responsabilidade pelas tarifas. Já o setor hoteleiro de Sharm el-Sheikh argumenta que está seguindo uma diretiva do próprio governo egípcio para definição dos preços de hospedagens.

De acordo com o Climate Home, alguns hotéis de duas e três estrelas estão cobrando a tarifa diária de US$ 120, com aqueles mais próximos do espaço da conferência cobrando até US$ 220 por noite. Para muitas organizações da sociedade civil, essa tarifa é impraticável.

“Isso é absolutamente inédito. Posso dizer que o teto máximo é de US$ 100 para a maioria das entidades. Mesmo US$ 100 já sai muito caro para ficarmos as duas semanas”, lamentou Harjeet Singh, da Climate Action Network (CAN International).

Enquanto isso, fora do espaço oficial da COP, grupos ambientalistas estão programando um dia global em defesa da ação climática para o 12 de novembro, no meio da Conferência de Sharm el-Sheikh.

Segundo o Guardian, a ideia é promover marchas populares em diversas cidades de todo o mundo pressionando os governos por mais ambição em seus compromissos climáticos e mais urgência nas medidas de mitigação e adaptação, especialmente nos países em desenvolvimento.

Ironicamente, a tradicional marcha da sociedade civil na cidade-sede da COP está em xeque: isso porque, mesmo com as promessas do governo egípcio de permitir manifestações de rua durante a Conferência, existe o risco de repressão em um país não-democrático, com perseguição a minorias.

 

ClimaInfo, 16 de setembro de 2022.

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