Ex-ministros alertam para importância do meio ambiente para retomada econômica do Brasil

carta ex-ministro da fazenda
Sebastien Goldberg / unsplash

Um grupo de ex-ministros da fazenda e ex-presidentes do Banco Central divulgou na 6ª feira (16/9) um manifesto em defesa da proteção do meio ambiente e da ação climática no Brasil como pré-requisitos para o desenvolvimento econômico do país no próximo governo.

Elaborado no âmbito da iniciativa Convergência pelo Brasil, o documento ressalta a importância do combate ao desmatamento na Amazônia não apenas pela ótica climática, mas também pelos reflexos econômicos que isso pode acarretar ao principal setor exportador do país, o agronegócio.

“O desmatamento não traz crescimento econômico ou progresso social, sendo responsável por mais emissões de CO2 do que todos os setores produtivos brasileiros juntos. Ele torna as chuvas no Centro-Oeste mais incertas, com risco para a agricultura e a geração de energia elétrica, e leva à perda irreversível dos habitats ancestrais das populações indígenas tradicionais”, destacou o manifesto.

O texto destaca quatro condições ambientais para a retomada econômica do país no próximo governo: 1) zerar o desmatamento na Amazônia; 2) aproveitar as vantagens comparativas do Brasil em prol da economia de carbono zero, especialmente em energia, mobilidade, indústria e agricultura; 3) adaptação climática para aumentar a resiliência do país; e 4) impulsionar o financiamento a pesquisa e inovação tecnológica, com foco nas energias renováveis, na bioeconomia da floresta em pé, nos biocombustíveis e no uso sustentável dos recursos naturais e humanos.

“O Brasil tem a capacidade técnica e os recursos naturais para ser vitorioso no novo ambiente econômico mundial pautado pela necessidade de evitar o aquecimento global e alcançar os objetivos do desenvolvimento sustentável. (…) Mas o sucesso do Brasil nesse ambiente dependerá, de forma crucial, da prioridade política e da urgência que os próximos governos deem à agenda da sustentabilidade, do fim célere do desmatamento e das ações no rumo da economia de carbono zero”.

O manifesto é assinado pelos ex-ministros Gustavo Krause, Henrique Meirelles, Luiz Carlos Bresser-Pereira, Maílson da Nóbrega, Pedro Malan, Rubens Ricupero e Zélia Cardoso de Mello, bem como os ex-presidentes do BC Affonso Celso Pastore, Armínio Fraga, Gustavo Loyola, Paulo Haddad e Pérsio Arida. Bloomberg, O Globo e Um Só Planeta destacaram o texto.

Em tempo 1: O Valor repercutiu uma carta apresentada por organizações internacionais aos candidatos à Presidência da República no Brasil defendendo compromissos socioambientais do próximo governo. O documento ganhou endosso nas redes sociais de personalidades nacionais, como o apresentador Luciano Huck. Uma das signatárias é a Rewild, fundada por cientistas e pelo ator norte-americano Leonardo DiCaprio; o astro de Hollywood também compartilhou a carta em suas redes sociais, destacando que o “Brasil é crítico para proteger a natureza que sobrou e restaurar o que resta”. Entre outros pontos, o documento pede o fim do desmatamento e a retomada da demarcação de Terras Indígenas e Unidades de Conservação, além do alinhamento da NDC brasileira sob o Acordo de Paris com o objetivo de limitar o aquecimento global em 1,5ºC neste século.

Em tempo 2: Um estudo do Boston Consulting Group (BCG) apresentado na semana passada durante o Brazil Climate Summit, na Universidade de Columbia (EUA), mostrou que o Brasil pode atrair até US$ 3 trilhões em investimentos nos próximos 30 anos com medidas de redução das emissões para a neutralidade em carbono. De acordo com o Valor, a maior parte (US$ 2 tri) seria demandada para atingir o net-zero, beneficiando principalmente investimentos nos setores de transporte, indústria, agricultura, florestas e energia; o restante seria necessário para o Brasil superar o net-zero – ou seja, capturar mais carbono do que emitir.

 

ClimaInfo, 19 de setembro de 2022.

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