Bolsonaro fala de país imaginário em campanha eleitoral na UNGA 

Bolsonaro UNGA

Poderia ser mais uma conversa no “cercadinho”, mas era o discurso do presidente do Brasil na Assembleia Geral da Nações Unidas.

Teve exaltação ao lucro do agronegócio e mentiras sobre os mais variados temas: corrupção, políticas para as mulheres, agenda ambiental e a gestão da pandemia, além de ataques diretos a Lula. Bolsonaro também falou sobre ideologia de gênero. O Aos Fatos fez checagem de toda a lorota.  

As reações internacionais foram muito negativas. Eric Christian Pedersen, diretor de investimento de um dos maiores fundos do mundo – a finlandesa Nordea Asset Management – disse ao Globo que “infelizmente, os fatos in loco, com desmatamento recorde, violência impune contra comunidades indígenas e aqueles que as representam, bem como o esvaziamento dos órgãos de controle, falam por si. Tudo isso precisa ser corrigido para criar um ambiente de investimento estável”.

Ambientalistas, cientistas e políticos declararam à jornalista Daniela Chiaretti, no Valor, que Bolsonaro fez uma fala sabidamente enganosa, voltada a seus apoiadores e que apequena o país na comunidade internacional. “O discurso só reafirma que o Brasil dele é menor. É um discurso de quem apequena o país e não sabe o significado de ser Chefe de Estado do Brasil. E só adiciona constrangimentos ao Brasil e aos brasileiros”, disse à reportagem Izabella Teixeira, ex-ministra de Meio Ambiente dos governos Lula e Dilma Rousseff.

A boa notícia é que, se as pesquisas estiverem certas, esta deve ser a última vez que Bolsonaro envergonha os brasileiros em eventos oficiais no exterior.

“Vergonha”, aliás, foi o tema dos protestos realizados na cidade por meio de projeções no edifício das Nações Unidas, de 39 andares e 155 metros de altura. A iniciativa foi da US Network for Democracy in Brazil (Rede nos Estados Unidos pela Democracia no Brasil), que reúne acadêmicos de mais de 50 universidades norte-americanas. O protesto teve apoio de organizações da sociedade civil brasileira, como a Coalizão Negra por Direitos e a Associação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB). Folha, O Globo, UOL e Veja deram detalhes.

“É desse país que a comunidade internacional se despede nesta terça-feira, com a esperança de que a partir de 2023 o Brasil tenha um novo governo, disposto a cuidar da própria população e a reinserir o país no mundo”, diz a nota do Observatório do Clima.

O texto do OC encerra lembrando que há uma instância internacional que aguarda ansiosamente pelo quase ex-presidente do Brasil: o Tribunal de Haia, em seus processos sobre a gestão criminosa da pandemia e incitação ao genocídio indígena.

Em tempo: A noite já estava caindo em Nova York quando as palavras “FloppyNaro” (tentativa de tradução do termo projetado, “Broxonaro”) e “Tchutchuca” foram projetadas no Empire State Building, uma despedida à altura do discurso do mandatário brasileiro.

 

ClimaInfo, 21 de setembro de 2022.

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