Florestas: de recurso ameaçado a ativo valorizado

Dia de Proteção às Florestas
Lalo de Almeida / Folhapress

Celebrado ontem (21/9), o Dia da Árvore serviu como uma ocasião para refletir sobre a importância das florestas e a necessidade de protegê-la não apenas pelo meio ambiente, mas também pela sobrevivência das comuAmanidades que a habitam e dependem dela para subsistir, e pela economia como um todo.

O Valor publicou um especial sobre o peso cada vez mais central das florestas nas economias nacional e internacional, dos benefícios que elas geram e dos prejuízos que sua destruição podem causar ao país e ao mundo. 

A economia internacional depende das florestas: seus ativos representam uma riqueza global de US$ 7,5 trilhões apenas em produtos, turismo e outros serviços, com 32 milhões de empregos formais. Metade do PIB global, cerca de US$ 84,4 tri, depende alta ou moderadamente de água, solos e outros recursos ofertados pela natureza.

No entanto, aqui no Brasil, é a devastação que avança: o país perdeu quase 190 hectares de floresta por hora em 2021, o que equivale a um Maracanã de floresta derrubada a cada dois minutos; 30 Maracanãs no chão a cada hora. Mesmo a Mata Atlântica, que vinha registrando uma recuperação inicial na última década, voltou a registrar taxas crescentes de desmatamento.

Enquanto o poder público patina, ações locais, capitaneadas por comunidades ou organizações da sociedade civil, tentam oferecer um respiro para a floresta e conter a devastação, principalmente na Amazônia.

Na Caatinga, um bioma tradicionalmente ignorado, uma iniciativa de ambientalistas da Bahia está conseguindo inverter o processo de desertificação por meio do manejo sustentável dos recursos naturais e da recomposição florestal em comunidades agropastoris e extrativistas.

Já a iniciativa privada, em especial o agronegócio, começa a coçar a cabeça em busca de uma saída para reduzir sua exposição a riscos comerciais decorrentes da relação entre as commodities que exporta e a destruição das florestas. A nova lei aprovada recentemente pelo Parlamento Europeu, que restringe a entrada de produtos como carne bovina, soja e óleo de palma que tenham sido produzidos em áreas desmatadas depois de dezembro de 2021, pode servir como um impulso para transformações no setor agropecuário brasileiro, de maneira a reduzir seu impacto ambiental e atender às novas exigências dos consumidores na Europa.

No exterior, uma das iniciativas mais ambiciosas é a Grande Muralha Verde, um megaprojeto de reflorestamento na fronteira sul do deserto do Saara que conta com apoio da ONU. Passados 14 anos, o projeto cobriu 15% da área em seus 8 mil km de extensão e 15 km de largura, com investimentos que devem totalizar mais de US$ 30 bilhões até o final desta década.

O objetivo é reverter o processo de desertificação, contribuir para a absorção natural de carbono da atmosfera, além de oferecer condições mais dignas de vida às comunidades na África Subsaariana, uma das áreas mais pobres do planeta.

 

ClimaInfo, 22 de setembro de 2022.

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