
Uma pesquisa internacional com CEOs de grandes empresas mostrou que os altos executivos brasileiros estão entre os maiores entusiastas da descarbonização da economia global e defendem inclusive uma maior regulamentação governamental para facilitar a definição e a implementação de políticas de emissão zero líquidas. Quase 70% das empresas brasileiras afirmaram possuir algum tipo de plano net-zero; além disso, 85% dos executivos do país avaliaram que a ação governamental é o ingrediente que falta para impulsionar a descarbonização no cenário nacional.
O levantamento encomendado pelo YouGov ouviu líderes empresariais de mais de 700 companhias nos Brasil, Japão, Índia, Reino Unido, EUA, Alemanha e África do Sul. Em todos os países, a maior parte dos executivos demonstrou interesse em descarbonização e preocupação com suas estratégias de net-zero. “Há um consenso emergente vindo dos executivos empresariais de que, para entregar os planos net-zero que já estão em vigor, políticas e regulamentações claras sobre descarbonização não são apenas necessárias: elas são desejadas”, destacou Catherina McKenna, presidente do grupo de especialistas de alto nível da Secretaria-Geral da ONU sobre net-zero de entidades não estatais. Os principais pontos foram abordados por Cinthia Leone no UOL.
Enquanto isso, no campo, a preocupação está nos impactos da intensificação dos eventos extremos sobre a produção agrícola. A Capital Reset destacou as conclusões de uma análise divulgada pela ONU nesta semana que mostra como as maiores empresas de alimentos e do agronegócio poderão acumular perdas multibilionárias até o final desta década caso não comecem a incorporar o risco climático em suas estratégias de negócio e de gestão. Para algumas empresas, as perdas podem ser de até 26% de seu valor, com um impacto médio do setor de mais de 7% – o que equivale, em termos monetários, a US$ 10 bi em prejuízo aos investidores.
Ao mesmo tempo, o relatório assinalou que os mercados não estão conseguindo precificar adequadamente o impacto financeiro de uma transição inevitável e acelerada no uso da terra, o que pode causar perdas permanentes de valor equivalentes em escala à crise financeira de 2008.
Para reverter esse quadro, o documento elenca cinco ações. Primeiro, eliminar o desmatamento causado por commodities dos portfólios de investimento até 2025; segundo, compreender os riscos e as oportunidades do portfólio mais amplo decorrentes da transição de uso das terras; terceiro, conduzir a empresa para melhores práticas e impulsionar as cadeias de fornecimento para produtos e práticas de desmatamento zero; quarto, investir em soluções baseadas na natureza; e, quinto, defender políticas justas de transição de terras.
ClimaInfo, 23 de setembro de 2022.
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