Eleições: defensor do garimpo vai na garupa de Bolsonaro em “motociata”

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Marx Vasconcelos / FuturaPress / Estadão

Correndo contra o tempo para evitar o mico de uma derrota no 1º turno, o presidente Jair Bolsonaro fez uma passagem “a jato” no Pará na última 5ª feira (22/9), participando de uma motociata com apoiadores antes de fazer um comício na capital Belém. O candidato à reeleição se limitou ao discurso de sempre, mas uma ausência curiosa foi destacada pela Amazônia Real: em nenhum momento nos cerca de dez minutos de discurso, o presidente falou a palavra Amazônia.

Outro ponto curioso foi a escolha do caroneiro para a garupa da moto presidencial – o senador Zequinha Marinho, que concorre ao governo do Pará. Marinho é entusiasta do garimpo e repete o discurso bolsonarista que visa liberar a exploração de metais preciosos em Terras Indígenas, bem como os ataques ao trabalho do IBAMA na fiscalização ambiental.

“O [Zequinha] Marinho é a pessoa para libertar o Pará da demagogia e do descaso”, defendeu Bolsonaro – o que deve ser insuficiente para impedir a derrota de seu candidato, bem atrás do atual governador, Helder Barbalho, nas pesquisas de intenção de voto.

Enquanto isso, uma investigação do De Olho nos Ruralistas mostrou como o governo Bolsonaro tem aproveitado a Agência Nacional de Mineração para fazer política partidária. Mesmo fora da base formal de sustentação política do Planalto, nacos do MDB mantiveram seu domínio nos cargos de confiança dentro da ANM, para alegria das grandes mineradoras.

((o)) eco destacou o equilibrismo do ex-presidente Lula, favorito na disputa presidencial do próximo domingo (02/10), quando o assunto é agronegócio. Em entrevista ao Canal Rural, o candidato do PT defendeu a demarcação de Terras Indígenas e o combate ao desmatamento, mas tentou aliviar a acidez de críticas anteriores ao setor agropecuário. “Se tem uma coisa que meu governo fez bem foi cuidar do agronegócio”, disse Lula.

Em tempo 1: No JOTA, Jennifer Ann Thomas fez um apanhado geral de como os programas de governo apresentados pelos presidenciáveis abordam a questão da mudança do clima. Por um lado, quase todos citam a Amazônia e a necessidade de combater seu desmatamento, que escalou para os maiores índices dos últimos 15 anos sob o governo Bolsonaro. Por outro, a agenda climática é quase ignorada, resumindo-se a afirmações vagas.

Em tempo 2: O Partido NOVO tenta incorporar alguns chavões do debate ambiental nessas eleições, como “desenvolvimento sustentável”, “economia verde” e “energia limpa”. Tudo muito bonito, muito bacana, mas fica meio difícil confiar nisso quando se considera o desempenho de seus parlamentares e de seu único governo estadual na seara ambiental. Como assinalado pela Repórter Brasil, os deputados federais do NOVO tiveram o pior desempenho socioambiental nesta legislatura, pior até que os partidos que compõem a coligação de Bolsonaro nas eleições deste ano.

Em tempo 3: O dito da semana: “Não cutuque onça com a sua vara curta”.

 

ClimaInfo, 26 de setembro de 2022.

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