Europeus suspeitam que vazamentos em gasodutos russos podem ser propositais

gasodutos russos vazamentos
Reprodução vídeo Reuters

A queda-de-braço entre europeus e russos pelo gás natural ganhou novo capítulo ontem (27/9), quando sismólogos da Suécia e da Dinamarca identificaram “explosões” em três pontos dos gasodutos Nord Stream 1 e 2. 

Como não se identificou nenhuma movimentação sísmica que causasse tal evento, a principal suspeita é de que as explosões tenham sido intencionais.

Autoridades da Dinamarca confirmaram visualmente pelo menos um grande vazamento, com registro do gás borbulhando sob o Mar Báltico. “Os sinais não se assemelham a sinais de terremotos. Eles se assemelham a sinais tipicamente registrados em explosões”, disse o Serviço Geológico da Dinamarca e da Groenlândia, citado pela Reuters.

Este achado foi corroborado por pesquisadores da Universidade de Uppsala (Suécia), que identificaram uma 2a explosão com potência de mais de 100 kg de dinamite.

Ainda não há certeza sobre o que causou os vazamentos. No entanto, representantes da União Europeia e da Rússia passaram o dia discutindo a possibilidade de sabotagem contra os gasodutos, com insinuações mútuas.

Para a UE, a ação é vista como uma escalada na guerra energética empreendida pelos russos depois das sanções contra Putin, motivadas pela invasão à Ucrânia. Já para Moscou, ela pode ser uma tentativa de interferência nos preços da energia por atores europeus.

Nenhum dos gasodutos estava bombeando combustível no momento em que os vazamentos foram detectados, mas o incidente acabou com qualquer perspectiva de retomada do abastecimento de gás russo para a Europa via Nord Stream 1 antes do inverno. De acordo com o operador do gasoduto, o dano à estrutura foi “sem precedentes”.

Bloomberg, Guardian, Reuters, Valor e Wall Street Journal, entre outros, repercutiram a notícia.

Em tempo 1: Ainda sobre a crise do gás na Europa, um levantamento da BloombergNEF sugere que os estoques atuais de combustível no mercado europeu já garantem a oferta de energia durante o inverno sem a necessidade do gás natural russo. Por outro lado, os estoques de gás em outros mercados, especialmente na Ásia, devem ficar mais baixos devido às compras europeias.

Em tempo 2: O Brasil passará a monitorar os estoques diários de gás e de outros combustíveis a partir de novembro. De acordo com o Valor, a ideia é fazer um acompanhamento mais detalhado sobre a oferta do combustível para antecipar eventuais riscos de desabastecimento motivado pelos altos preços e pelo fornecimento mais escasso.

 

ClimaInfo, 27 de setembro de 2022.

Clique aqui para receber em seu e-mail a Newsletter diária completa do ClimaInfo.