Petrobras corre para abrir exploração no rio Amazonas ainda em 2022

Petrobras rio Amazonas
Petrobras/Divulgação

A Petrobras quer iniciar a exploração de petróleo no litoral do Amapá ainda neste ano, uma área que a empresa divulga como o “novo pré-sal” do Brasil. De acordo com Lais Carregosa no Poder360, a estatal vai iniciar a exploração da chamada Margem Equatorial Brasileira ainda no 4º trimestre de 2022, em particular os blocos de petróleo na foz do rio Amazonas, onde ela possui exclusividade nos direitos de exploração, depois da desistência das petroleiras BP e Total.

“A Margem Equatorial é considerada uma área estratégica para a Petrobras e uma das fronteiras em águas profundas mais promissoras da indústria offshore no Brasil, com expressivo potencial petrolífero”, afirmou Marco Carminatti, gerente executivo da empresa. Sobre os impactos ambientais da extração de petróleo nessa área, a Petrobras tem contestado análises que sugerem um risco acentuado de contaminação em áreas marítimas, inclusive na Foz do Amazonas.

Um acordo entre a Petrobras e o IBAMA definiu a realização em novembro de um teste pré-operacional para avaliar o plano de contingência em caso de vazamento. Se tudo der certo para a estatal, a ideia é abrir o primeiro poço a 179 km da costa do Amapá.

Com a exploração da Margem Equatorial, a Petrobras prevê aumentar a produção de petróleo em mais de 70% nos próximos dez anos. Em evento do setor de óleo e gás no Rio de Janeiro, os ministros Adolfo Sachsida (minas e energia) e Joaquim Leite (meio ambiente) defenderam a expansão da produção petrolífera no país.

“O setor de óleo e gás já está no caminho de uma nova economia verde. Você tem aí o petróleo com a menor pegada de carbono do mundo apresentado aqui pela Petrobras”, afirmou Leite, sem a menor cerimônia. Isso vai na contramão do que a ciência já deixou claro repetidas vezes: de que o mundo precisa diminuir a produção e o consumo de energia fóssil na próxima década para limitar o aquecimento do planeta dentro dos limites estabelecidos pelo Acordo de Paris.

CNN Brasil, Folha e O Globo destacaram o falatório dos ministros em favor da energia fóssil.

Em tempo: Manchas de óleo voltaram a assustar moradores e pescadores no litoral do Rio Grande do Norte e do Ceará. De acordo com a CNN Brasil, quase uma tonelada de fragmentos rochosos com óleo foram coletadas no litoral potiguar até a última 6ª feira (23/9). Já o g1 destacou o aparecimento de fragmentos de óleo na Praia do Futuro, em Fortaleza. Nos dois casos, não se sabe a origem do óleo, mas especula-se que tenha alguma relação com o derramamento de óleo que assolou boa parte da costa brasileira em 2019, principalmente no Nordeste, e que também não foi esclarecido. Mais recentemente, outros estados, como Pernambuco e Paraíba, também registraram novos focos de contaminação por óleo.

 

ClimaInfo, 27 de setembro de 2022.

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