Agro e petróleo, os desafios da proteção da Amazônia nos próximos governos

governadores bolsonaristas
Alan Santos/PR

Mesmo que o presidente Jair Bolsonaro não consiga se reeleger, a influência dele e dos atores políticos e econômicos do seu entorno nos estados da Amazônia seguirá forte nos próximos quatro anos. De acordo com ((o)) eco, com base na rodada mais recente de pesquisas do Ipec, a maioria dos governadores eleitos em 2018 no auge da onda bolsonarista nessa região deverá ser reeleita agora.

Alguns governadores bolsonaristas, como Gladson Cameli no Acre e Mauro Mendes no Mato Grosso, devem garantir a reeleição já no 1º turno. Outros nomes alinhados ao atual presidente, como Wilson Lima (Amazonas), Marcos Rocha (Rondônia) e Antônio Denarium (Roraima) provavelmente enfrentarão um 2º turno na disputa estadual, mas lideram as pesquisas de intenção de voto.

Assim, a boiada antiambiental bolsonarista nos estados amazônicos pode perdurar por algum tempo, mesmo sem a presença do atual presidente no Planalto. Isso certamente será um fator crítico para o entendimento e o enfrentamento dos problemas ambientais na Amazônia dos próximos anos. 

No Mato Grosso, por exemplo, a provável reeleição do governador Mauro Mendes representará a continuidade do domínio político da elite agropecuária que manda e desmanda na vida pública estadual.

Como comentou a Amazônia Real, o próximo governo e a futura Assembleia Legislativo mato-grossense terão pela frente uma decisão de potencial dramático para o que resta da floresta amazônica no estado: retirar o MT da área da Amazônia Legal, reduzindo assim as exigências de proteção florestal e facilitando a intensificação do desmatamento pelo agronegócio.

Em Roraima, a principal ameaça está na expansão do garimpo, especialmente na Terra Indígena Yanomami. Como Bolsonaro, o governador Denarium é um entusiasta declarado da atividade garimpeira e tem encampado suas demandas em seu plano de governo para os próximos quatro anos. A provável vitória dele nas eleições deste ano pode resultar em efeitos catastróficos para as comunidades indígenas do estado.

“A situação dos Yanomami é a pior possível, principalmente na porção roraimense do território, onde se concentra o garimpo. A situação sanitária, de segurança cultural, econômica, alimentar, de saúde, a violência, a exploração sexual de mulheres e crianças, a penetração do armamento, bebida alcóolica, enfim, todos os indicadores se deterioram rapidamente”, observou o procurador Alisson Marugal, do Ministério Público Federal de Roraima, à Agência Pública. “É uma tragédia humanitária em curso”.

Já no Amapá, que possui o menor índice de desmatamento dos estados da Amazônia, o problema está no mar. O entusiasmo da Petrobras e do governo federal com a ideia de exploração de petróleo na margem equatorial brasileira, região apresentada como um “novo pré-sal”, pode tornar uma região única em termos ecossistêmicos vulnerável a vazamentos e contaminação. A Folha fez um panorama da situação socioeconômica da AP e os efeitos ambientais potenciais do projeto.

Em tempo: “A batalha pela presidência do Brasil entre Lula e Bolsonaro (…) é também uma batalha pela Amazônia e, com isso, pelo destino do pulmão das Américas”, assinalou Maria Mônica Monsalve no El País. “Sem a Amazônia em pé, também serão desmanteladas as promessas, os tratados internacionais e as probabilidades climáticas de se evitar um aumento da temperatura superior a 1,5ºC até o final do século”.

 

ClimaInfo, 29 de setembro de 2022.

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