BNDES quer enfraquecer critérios socioambientais de crédito para frigoríficos

BNDES frigoríficos
Bloomberg/Getty Images

O BNDES prepara algumas mudanças nos requisitos socioambientais exigidos de frigoríficos para acesso ao crédito. No entanto, ao que parece, a instituição ainda seguirá bem distante daquilo que vem sendo feito por outros bancos, inclusive privados, para evitar que seus recursos sigam financiando o desmatamento ilegal na Amazônia e em outros biomas brasileiros.

De acordo com Camila Souza Ramos no Valor, o BNDES pode retirar a exigência de monitoramento de fornecedores indiretos de gado em algumas operações, substituindo-a por outras medidas, como critérios para emissão de carbono. Além disso, o banco pode seguir sem cobrar o bloqueio de fornecedores com propriedades sobrepostas a áreas desmatadas ilegalmente, Terras Indígenas e Unidades de Conservação.

As regras atuais foram definidas em 2009, na mesma época em que o Ministério Público Federal criou o Programa Carne Legal para forçar os frigoríficos a coibir a compra de carne produzida em áreas desmatadas ilegalmente. Na época, o BNDES deu um prazo de sete anos para que os frigoríficos interessados em operações diretas de financiamento rastreassem toda a cadeia de fornecimento; no entanto, nenhuma empresa atingiu essa meta até agora.

O BNDES argumenta que a exigência de rastreamento de fornecedores indiretos fez com que o volume de operações para o setor caísse de cerca de R$ 1 bilhão em 2010 para apenas R$ 15 milhões em 2021, sem que isso se refletisse em uma queda no volume de carne em condição ilegal processada. Por isso, o banco defende considerar iniciativas como projetos de reflorestamento de fazendas de fornecedores ou mesmo de “proteínas alternativas” como uma nova condicionante, eliminando assim o rastreamento da cadeia indireta.

Em tempo: Uma investigação do Guardian e da Lighthouse Reports mostrou que duas empresas do grupo JBS no Reino Unido se utilizaram de empresas offshore para não pagar mais de 160 milhões de libras esterlinas em impostos. As empresas Anglo Beef Processors UK e Pilgrim’s Pride Corporation, ambas de propriedade da gigante brasileira, fornecem carne para supermercados da rede Sainsbury e restaurantes fast-food como KFC.

 

ClimaInfo, 30 de setembro de 2022.

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BNDES quer enfraquecer critérios socioambientais de crédito para frigoríficos

BNDES frigoríficos
Bloomberg/Getty Images

O BNDES prepara algumas mudanças nos requisitos socioambientais exigidos de frigoríficos para acesso ao crédito. No entanto, ao que parece, a instituição ainda seguirá bem distante daquilo que vem sendo feito por outros bancos, inclusive privados, para evitar que seus recursos sigam financiando o desmatamento ilegal na Amazônia e em outros biomas brasileiros.

De acordo com Camila Souza Ramos no Valor, o BNDES pode retirar a exigência de monitoramento de fornecedores indiretos de gado em algumas operações, substituindo-a por outras medidas, como critérios para emissão de carbono. Além disso, o banco pode seguir sem cobrar o bloqueio de fornecedores com propriedades sobrepostas a áreas desmatadas ilegalmente, Terras Indígenas e Unidades de Conservação.

As regras atuais foram definidas em 2009, na mesma época em que o Ministério Público Federal criou o Programa Carne Legal para forçar os frigoríficos a coibir a compra de carne produzida em áreas desmatadas ilegalmente. Na época, o BNDES deu um prazo de sete anos para que os frigoríficos interessados em operações diretas de financiamento rastreassem toda a cadeia de fornecimento; no entanto, nenhuma empresa atingiu essa meta até agora.

O BNDES argumenta que a exigência de rastreamento de fornecedores indiretos fez com que o volume de operações para o setor caísse de cerca de R$ 1 bilhão em 2010 para apenas R$ 15 milhões em 2021, sem que isso se refletisse em uma queda no volume de carne em condição ilegal processada. Por isso, o banco defende considerar iniciativas como projetos de reflorestamento de fazendas de fornecedores ou mesmo de “proteínas alternativas” como uma nova condicionante, eliminando assim o rastreamento da cadeia indireta.

Em tempo: Uma investigação do Guardian e da Lighthouse Reports mostrou que duas empresas do grupo JBS no Reino Unido se utilizaram de empresas offshore para não pagar mais de 160 milhões de libras esterlinas em impostos. As empresas Anglo Beef Processors UK e Pilgrim’s Pride Corporation, ambas de propriedade da gigante brasileira, fornecem carne para supermercados da rede Sainsbury e restaurantes fast-food como KFC.

 

ClimaInfo, 30 de setembro de 2022.

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