Planos climáticos para aviação estão muito aquém do limite de 2ºC de aquecimento

emissões da aviação
Michelle Tylicki

Desde a última 3ª feira (27/9), os países-membros da Organização da Aviação Civil Internacional (ICAO) estão discutindo os caminhos para reduzir as emissões de gases de efeito estufa da aviação civil. De toda maneira, uma análise feita pela Climate Action Tracker deixou claro que, ao menos por enquanto, esses planos são insuficientes para que o setor se alinhe plenamente aos objetivos do Acordo de Paris.

Segundo o estudo, para que haja compatibilidade com o limite de 1,5ºC de aquecimento neste século em relação ao período pré-industrial, a aviação civil precisa reduzir suas emissões em 90% até 2050 na comparação com os níveis de 2019 (70 megatoneladas de CO2), além de fazer cortes equivalentes na liberação de outros gases não-CO2.

No entanto, o plano mais ambicioso em discussão pela ICAO sugere uma redução de 70% nos próximos 30 anos; no menos ambicioso, o setor registraria um aumento de suas emissões de 50%. Neste último cenário, as emissões da aviação estariam alinhadas a um aquecimento médio de até 4ºC, mais do que o dobro da meta mais rígida de Paris.

“É decepcionante ver que, mesmo depois de mais de 20 anos sendo cobrado para reduzir suas emissões de gases de efeito estufa, a indústria da aviação tem dificuldade em tomar as medidas necessárias”, reclamou Silke Mooldijk, autora da análise do Climate Action Tracker. “Parece não haver vontade real do setor de aviação para reduzir suas próprias emissões a zero, apesar do Acordo de Paris ser claro de que todos os setores precisam fazê-lo”.

Enquanto isso, a Reuters informou que os países da ICAO estariam próximos de um acordo sobre o tema, depois que as companhias aéreas representadas pela Associação Internacional de Transportes Aéreos (IATA) desistirem de pedir uma mudança na linha de base do Esquema de Compensação e Redução de Carbono para a Aviação Internacional (CORSIA). Inicialmente, o grupo pedia que a linha de base, estimada para 2019, considerasse a totalidade das emissões do setor naquele ano, e não os 85% propostos inicialmente pelos países. Isso poderia enfraquecer as metas de redução de emissões para as próximas décadas, dando mais tempo para que as empresas aéreas seguissem emitindo carbono com menos restrição.

Em tempo: Na semana passada, um grupo de ativistas publicou cartazes em diversas cidades europeias ironizando os esforços das companhias aéreas para retardar a ação climática no setor. As peças replicaram o estilo publicitário utilizado por gigantes do setor, como KLM-Air France, Lufthansa, e British Airways, para destacar os impactos climáticos da aviação comercial. O Guardian deu mais informações.

 

ClimaInfo, 30 de setembro de 2022.

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