Brasil integra “Frente de Florestas” para a COP27

COP27 Frente de Florestas
Guerchom Ndebo / AFP

A Conferência do Clima de Sharm el-Sheikh (COP27), que acontece no próximo mês, deve ver a estreia de uma nova coalizão temática nas negociações sobre a implementação do Acordo de Paris.

Nesta semana, o governo da República Democrática do Congo confirmou uma articulação com representantes do Brasil e da Indonésia para criar uma frente relacionada às florestas tropicais, em busca principalmente de recursos internacionais para financiar projetos de conservação. Os três países concentram a maior parte do que nos resta de florestas tropicais.

“Brasil, R. D. do Congo e Indonésia, três bacias florestais tropicais que trazem soluções para o desafio climático, não poderiam deixar passar essa oportunidade prévia à COP”, afirmou a ministra Eve Bazaiba nesta 3ª feira (4/10) durante a chamada “Pré-COP” que acontece em Kinshasa nesta semana. O representante brasileiro, o diplomata Leonardo Cleaver de Athayde, também confirmou que os três países pretendem “elaborar um programa de trabalho conjunto” para a COP no Egito. A Folha citou os dois representantes.

Ainda sobre a Pré-COP, negociadores dos países em desenvolvimento e mais vulneráveis ressaltaram suas críticas à inação dos governos desenvolvidos em torno de tópicos importantes das negociações climáticas, como o financiamento e a compensação por perdas e danos decorrentes de eventos extremos. Em coletiva de imprensa, o secretário-geral da ONU, António Guterres, ressaltou que o mundo está em uma “luta de vida ou morte” contra a mudança do clima.

“É hora de um compromisso de nível quântico (sic) revolucionário entre as economias desenvolvidas e as emergentes. O mundo não pode esperar”, destacou o chefe da ONU. “Sabemos que pessoas e nações estão sofrendo agora. Eles precisam de decisões significativas agora. A falha em agir sobre perdas e danos levará a mais perda de confiança e a mais danos climáticos. Este é um imperativo moral que não pode ser ignorado e a COP27 deve ser o lugar para ação sobre perdas e danos”.

Associated Press, Euronews, Guardian e Reuters destacaram as conversas entre os negociadores em Kinshasa antes da COP27. 

Em tempo 1: O “puxão de orelha” do governo egípcio foi sentido no Reino Unido. De acordo com o tabloide The Sun, a primeira-ministra Liz Truss deve participar da abertura da COP27 em Sharm el-Sheikh, depois de sinalizar que não pretendia participar do evento. A negativa inicial, que também envolveu uma “proibição” do governo britânico à participação do rei Charles III, caiu mal no Egito, já que o Reino Unido foi a sede da última COP e preside as negociações climáticas da ONU até o começo da COP27. O jornal Independent também abordou a informação.

Em tempo 2: O otimismo das últimas semanas deu lugar à cautela nas conversas entre África do Sul e diversos países desenvolvidos em torno de um plano bilionário para facilitar o abandono do carvão para geração de energia no país africano. De acordo com a Bloomberg, havia uma expectativa de entendimento dos diferentes países antes da abertura da COP27; no entanto, dificuldades técnicas e práticas, bem como desconfianças entre alguns governos, estão colocando o cronograma em risco.

 

ClimaInfo, 06 de outubro de 2022.

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