Brasil perde um Pernambuco para o fogo nos 9 primeiros meses de 2022

queimadas
Mundano / Cinzas da Floresta / Alaido, de Igatu / Andaraí / Bahia

Desmatamento é a primeira etapa do processo de limpeza de terreno para outros usos, como pastagens ou lavouras. Por isso, os sucessivos recordes de desmatamento no governo Bolsonaro têm sido acompanhados por números igualmente chocantes de queimadas. O mais recente levantamento do Monitor do Fogo, do MapBiomas, constatou que somente nos nove primeiros meses do ano, o Brasil queimou uma área maior que Pernambuco: 11.749.938 hectares. Metade foi queimada durante o mês de setembro, em pleno calor da campanha eleitoral: 5.825.520 hectares.

Praticamente metade das queimadas entre janeiro e setembro deste ano (49%, ou 5.797.298 ha) ocorreu no bioma Amazônia. Quase um terço (29%, ou 1.698.583 ha) do que foi queimado afetou florestas, sendo incêndios ou desmatamento seguido de fogo. Esse número é 106% maior do que a área de floresta afetada por fogo no bioma no mesmo período em 2021 (826.107 ha). 

Porém, a situação do Cerrado mostra-se mais preocupante: embora tenha a metade do tamanho da Amazônia, ele ficou bem perto dos números amazônicos (46%, ou 5.408.154 ha). Juntos, eles somam 95% do que foi queimado no país até setembro de 2022.

O Cerrado foi o bioma com a maior extensão de queimada em setembro: a área destruída chegou a 2.973.443 hectares, 13% a mais que no mesmo mês do ano passado. Já a Amazônia registrou o maior aumento de área queimada: 71% a mais que setembro de 2021. O índice representa mais 1.080.388 hectares consumidos.

g1 e Neomondo dão todos os detalhes. Correio de Carajás e Pará Terra Boa destacam que os três municípios recordistas em queimadas ficam no Pará.

Com base em dados INPE, o pessoal da Piauí fez um excelente infográfico sobre os incêndios na Amazônia. Vale a pena conferir.

Em tempo: Estudo feito por cientistas brasileiros e publicado na revista científica Communications Biology mostra que quase metade da população de onças-pintadas do Pantanal foi afetada diretamente pelos incêndios que devastaram a região em 2020. É uma conclusão ainda mais preocupante quando se lembra que o Pantanal é um dos últimos grandes refúgios da espécie no país, ao lado da Amazônia —em outros ecossistemas brasileiros, populações de onças-pintadas raramente são encontradas. Além de mortes dos grandes felinos causadas diretamente pelo fogo, a destruição de áreas que antes tinham condições ideais para a sobrevivência deles pode levar os animais à morte de forma indireta ou impedir que eles achem parceiros para se reproduzir. A notícia é da Folha.

Em tempo (2):  Em São Paulo (SP), o ativista Mundano reuniu 200 obras de artes feitas com cinzas de queimadas por mais de 150 artistas. As cinzas foram coletadas em uma jornada de mais de 10 mil quilômetros pela Amazônia, Cerrado, Pantanal e Mata Atlântica. Elas estão em exposição até o dia 30 de outubro com receita das vendas revertidas para os brigadistas.  O Eco21 dá mais detalhes.

 

ClimaInfo, 18 de outubro de 2022.

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