Intensificação do desmatamento leva espécies não florestais à Amazônia e aumenta risco de epidemias

18 de outubro de 2022
Amazônia espécies não florestais
Carlos Ortúzar Ferreira

O avanço do desmatamento na Amazônia está criando uma situação biológica curiosa – e preocupante. No site ((o)) eco, Cristiane Prizibisczki escreveu sobre a presença mais frequente de espécies de animais exógenas à fauna normal na região amazônica, como a pomba-campestre e o lobo-guará.

Para especialistas, a chegada de animais de outros biomas à Amazônia é mais uma evidência da intensificação do processo de destruição da floresta. Um estudo recente abordou o caso das pombas-campestres (Zenaida auriculata), naturais do Nordeste brasileiro. Como nos anos 1970, quando a espécie se proliferou no interior de São Paulo e Paraná por conta da expansão da agricultura e da pecuária, ela também está encontrando na Amazônia atual um terreno propício para se estabelecer.

“Nós mostramos que a espécie vem ampliando sua distribuição geográfica em nítida sobreposição com áreas desmatadas”, assinalou o veterinário Carlos Ortúzar Ferreira, um dos autores do estudo. “O desmatamento no bioma amazônico modifica áreas florestais, transformando-as em campos abertos, semelhantes ao habitat preferencial de Zenaida auriculata, o que contribui para o sucesso da espécie em colonizar essas áreas”, completou Alexandre Gabriel Franchin, que também assina a análise.

Outro estudo também abordou as consequências biológicas da intensificação do desmatamento, dessa vez de “dentro para fora” – ou seja, as doenças conhecidas e desconhecidas que hoje estão contidas na Amazônia e que podem se tornar zoonoses de alcance global. Conduzido pelo pesquisador Joel Henrique Ellwanger, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o estudo revisou centenas de análises sobre a relação entre zoonoses e desequilíbrios ambientais. Para ele, os dados científicos mostram os “riscos elevados” de surgimento e reemergência de doenças infecciosas a partir da Amazônia caso a destruição florestal siga no ritmo atual. A Folha deu mais detalhes.

Em tempo: Dados do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) do Imazon mostraram o tamanho do buraco da destruição florestal na Amazônia neste ano de 2022. De janeiro a setembro, foram derrubadas quase 9,07 mil km2 de área vegetal, o que corresponde a quase oito vezes a extensão do município do Rio de Janeiro. Essa foi também a maior devastação registrada para esse período dos últimos 15 anos, além do 5º ano consecutivo em que a área desmatada nos nove primeiros meses superou os 3,5 mil km2. g1 e Valor, entre outros, repercutiu esses dados.

 

ClimaInfo, 19 de outubro de 2022.

Clique aqui para receber em seu e-mail a Newsletter diária completa do ClimaInfo.

Continue lendo

Assine nossa newsletter

Fique por dentro dos muitos assuntos relacionados às mudanças climáticas

Em foco

Aprenda mais sobre

Glossário

Este Glossário Climático foi elaborado para “traduzir” os principais jargões, siglas e termos científicos envolvendo a ciência climática e as questões correlacionadas com as mudanças do clima. O PDF está disponível para download aqui,
1 Aulas — 1h Total
Iniciar