As crianças e os adolescentes são um dos grupos sociais mais vulneráveis aos efeitos da mudança do clima e já estão sentindo na pele a intensificação de eventos climáticos extremos, com consequências que os perseguirão pelo resto de suas vidas.
Uma análise do Fundo da ONU para a Infância (UNICEF) publicada nesta semana mostrou que quase 600 milhões de jovens com menos de 17 anos de idade sofrem com o calor intenso, experimentando pelo menos quatro ondas perigosas de calor por ano, segundo dados de 2020.
Mas o dado que mais preocupou está nas projeções para o futuro. Mesmo em um cenário no qual o aquecimento global é limitado em 1,7ªC neste século, apontado como o melhor possível, estima-se que cerca de 2 bilhões de crianças e adolescentes poderão experimentar quatro ou mais ondas perigosas de calor por ano em 2050.
Já no pior cenário, com um aquecimento de 2,4ªC, praticamente todos os jovens do mundo (94% do total) estarão nessa situação, com exceções pontuais em pequenas áreas da América do Sul, África Central, Oceania e Ásia.
Ainda não há muitos estudos sobre o impacto das ondas de calor em crianças, mas já se sabe que elas sofrem mais do que os adultos por conta da menor capacidade de regular a temperatura de seus corpos em relação à temperatura ambiente.
A frequência maior de episódios de calor na infância pode acarretar doenças crônicas nos sistemas respiratório e cardiovascular. Além dos efeitos diretos na saúde, as ondas de calor podem prejudicar o ambiente em que os jovens vivem, a segurança alimentar, a mobilidade, o acesso à água, a educação e os meios de subsistência futuros.
“Hoje, uma em cada três crianças vive em países que enfrentam temperaturas extremamente elevadas e quase uma em cada quatro estão expostas a ondas frequentes de calor, e isso só vai piorar. Mais crianças e adolescentes serão afetados por ondas de calor mais longas, mais intensas e mais frequentes nos próximos 30 anos, o que colocará em risco sua saúde e seu bem-estar”, observou Catherine Russell, diretora-executiva do UNICEF.
“Quão devastadoras essas mudanças serão, depende das ações tomadas agora. No mínimo, os governos devem limitar urgentemente o aquecimento global a 1,5ªC e dobrar o financiamento para adaptação até 2025. Essa é a única maneira de salvar a vida e o futuro das crianças e dos adolescentes – e o futuro do planeta”.
Guardian e Washington Post, entre outros, repercutiram os dados do UNICEF sobre os impactos do calor intenso sobre crianças e adolescentes.
ClimaInfo, 27 de outubro de 2022.
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