Janela de oportunidade para limite de 1,5ºC está se fechando, alerta ONU

28 de outubro de 2022
janela climática 1º5
Thibaud Moritz/AFP/Getty Images

Um dia após a Convenção da ONU sobre o Clima (UNFCCC) apontar para a insuficiência dos compromissos nacionais de redução de emissões sob o Acordo de Paris, uma nova análise, desta vez do Programa da ONU para o Meio Ambiente (PNUMA), reforçou que as promessas atuais inviabilizam o objetivo de limitar o aquecimento do planeta em 1,5ºC neste século.

Divulgado ontem (27/10), o Relatório de Lacuna das Emissões (Emissions Gap Report) deste ano mostra que a implementação das Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) incondicionais (ou seja, sem condições prévias para cumprimento) permitiria uma chance de 66% de limitar o aumento da temperatura média da Terra em 2,6ºC até 2100, mais de 1ºC acima da meta mais ambiciosa do Acordo de Paris. Já a implementação plena das NDCs condicionais (que, em geral, dependem de recursos ou tecnologia externa) garantiria um limite ligeiramente menor para o aquecimento, de 2,4ºC. Já a continuidade das políticas climáticas atuais levariam a um aumento de 2,8ºC.

Para que o mundo possa efetivamente limitar seu aquecimento em 1,5ºC, será necessário um esforço sem precedentes dos países nos próximos oito anos. Isso porque a implementação das NDCs atuais, na melhor das hipóteses, garantiria uma redução de 5% a 10% nas emissões globais até 2030 em relação ao cenário atual. Esse percentual está bem abaixo da redução de 45% prescrita pelo IPCC para o final desta década.

“Este relatório nos diz em termos científicos frios o que a natureza tem nos dito, durante todo o ano, através de inundações mortais, tempestades e incêndios violentos: temos que parar de encher nossa atmosfera com gases de efeito estufa e parar de fazê-lo rapidamente”, afirmou Inger Andersen, diretor executivo do PNUMA. “Tivemos nossa chance de fazer mudanças incrementais, mas esse tempo acabou. Somente uma transformação radical de nossas economias e sociedades pode nos salvar da aceleração do desastre climático”.

No Valor, Daniela Chiaretti detalha os investimentos necessários para essa transformação. Folha, Metrópoles e Observatório do Clima também repercutiram o relatório do PNUMA sobre a lacuna das emissões. No exterior, esses dados foram destacados por AFP, Associated Press, Bloomberg, Carbon Brief, Deutsche Welle, Guardian e Reuters, entre outros.

 

ClimaInfo, 28 de outubro de 2022.

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