Bolsonarismo seguirá forte nos estados amazônicos

governos Amazônia Legal
Novo Progresso queimada Cícero Pedrosa Neto / Amazônia Real

A derrota do presidente Jair Bolsonaro na disputa nacional pode representar um contratempo, mas dificilmente será um obstáculo para o bolsonarismo assentar suas bases políticas na região amazônica. Isso porque, a despeito do resultado presidencial, diversos governos estaduais e assembleias legislativas seguirão ocupados por aliados políticos e ideológicos do ainda presidente.

Como o UOL apontou, dos nove estados da Amazônia Legal, pelo menos seis serão governados por bolsonaristas de carteirinha a partir de janeiro: Acre (Gladson Cameli), Amazonas (Wilson Lima), Mato Grosso (Mauro Mendes), Rondônia (Marcos Rocha), Roraima (Antônio Denarium) e Tocantins (Wanderlei Barbosa). Esses estados representam quase 70% de todas as áreas de floresta do bioma amazônico.

Da mesma forma, a Amazônia Real destacou a predominância do bolsonarismo nas assembleias legislativas dos estados amazônicos. Nelas, os cinco partidos com maior representação a partir de 2023 serão o MDB (29 cadeiras), União Brasil (26), Republicanos (24), PL (22) e PSB (18) – sendo que esse último é uma exceção pontual, beneficiado pelo desempenho dos aliados do ex-governador Flávio Dino no Maranhão. Desses, UB, Republicanos e PL são marcadamente de centro-direita e direita, com o MDB fazendo uma “salada mista” no centro.

“Infelizmente, o que veremos será uma pressão maior sobre as Áreas Protegidas, porque esses deputados vêm desde os mandatos passados pedindo redução de Unidades de Conservação e Terras Indígenas. Alguns foram até pegos em atos de corrupção e mesmo assim foram reeleitos”, lamentou a ambientalista e indigenista Ivaneide Bandeira, a Neidinha Suruí, coordenadora da Associação de Defesa Etnoambiental Kanindé.

Um exemplo disso aconteceu na véspera do 2º turno em Rondônia. O governador Marcos Rocha decidiu na última 6ª feira (28/10) extinguir a Estação Ecológica Soldado da Borracha, uma área de proteção ambiental com cerca de 1,79 mil km2. Segundo a Associated Press, o governador de RO justificou a medida afirmando que pretende legalizar a situação de 760 grileiros, entre madeireiros e pecuaristas, que invadiram a área.

Em tempo: Dois candidatos bolsonaristas aos governos estaduais neste 2º turno também receberam doações de infratores ambientais nesta eleição. De acordo com a Repórter Brasil, o ex-ministro Tarcísio de Freitas, eleito governador em São Paulo, recebeu quase R$ 6 milhões para sua campanha de pelo menos 99 pessoas com histórico de multas ambientais; já o também ex-ministro Onyx Lorenzoni, derrotado na disputa pelo governo do Rio Grande do Sul, foi destinatário de R$ 2,5 milhões em doações eleitores de infratores ambientais.

 

ClimaInfo, 1º de novembro de 2022.

Clique aqui para receber em seu e-mail a Newsletter diária completa do ClimaInfo.