Planos climáticos preveem metas irrealistas para remoção natural de carbono, mostra estudo

armazenagem e captura de carbono
Ashley Cooper / Construction Photogr. / Avalon / Getty

A conta do sumidouro de emissões globais de carbono não está batendo, alertou um grupo de cientistas nesta semana na Austrália. Um novo estudo mostrou que, para cumprir os objetivos de absorção de carbono definidos nos planos climáticos nacionais, os países precisariam coletivamente de um total de 1,2 bilhão de hectares reflorestados ou recuperados – uma área maior que a dos Estados Unidos.

Batizado de The Land Gap Report, o estudo destacou que esses objetivos “irreais” mascaram uma conveniência dos governos, que seguem apostando demasiadamente em uma medida fisicamente limitada para diminuir a concentração de carbono na atmosfera sem recorrer a reduções em suas emissões.

“Este estudo revela que as promessas climáticas dos países são perigosamente dependentes de medidas baseadas em terra desiguais e insustentáveis para a captura e armazenamento de carbono”, observou Kate Dooley, pesquisadora da Universidade de Melbourne e autora principal do relatório.

“Claramente, os países estão sobrecarregando as promessas de [captura de carbono pela] terra para evitar o árduo trabalho de reduzir drasticamente as emissões decorrentes de combustíveis fósseis, descarbonizar os sistemas alimentares e impedir a destruição de florestas e outros ecossistemas”.

Além disso, os objetivos nacionais de captura e armazenamento natural de carbono exigiriam um total de terras que pode comprometer as necessidades para produção de alimentos. O estudo afirma que mais da metade dos 1,2 bilhão de hectares (633 milhões) implicaria em mudanças de uso do solo, o que pode afetar a produção global de alimentos.

“Diante de um aperto global de terras, devemos pensar cuidadosamente sobre como usamos cada parcela dela”, disse Dooley. “No entanto, os países tratam a terra como um recurso ilimitado em seus planos climáticos. Usar uma área de terra equivalente a metade das atuais terras agrícolas globais para plantio de árvores simplesmente não funcionará, principalmente quando as evidências à nossa frente mostram que a fragilidade do plantio de árvores está piorando impactos climáticos como incêndios e secas”.

A notícia é do Globo. Inside Climate News, Mongabay e Reuters também repercutiram o estudo.

 

ClimaInfo, 3 de novembro de 2022.

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