Furacão Sandy: 10 anos depois, Nova York ainda luta para aumentar resiliência climática

furacão Sandy EUA
Charles Sykes/AP

A noite de 29 de outubro de 2012 em Nova York foi digna dos blockbusters apocalípticos de Hollywood. Para uma cidade que passou por tanta coisa, entre guerras, atentados e transformações econômicas, nada havia preparado seus habitantes para o que o furacão Sandy trouxe. Uma década depois, as cicatrizes causadas pelo desastre seguem na memória de milhões de norte-americanos, que ainda temem a ocorrência de novas tempestades tão potentes no futuro.

Guardian e POLITICO destacaram a avaliação de especialistas sobre o que as autoridades dos EUA fizeram desde Sandy para aumentar a resiliência da região de Nova York e Nova Jersey, a mais afetada pelo furacão de dez anos atrás. O diagnóstico não é positivo: o centro urbano mais populoso da América do Norte segue vulnerável não apenas às tempestades tropicais, mas também aos efeitos da mudança do clima, como a elevação do nível do mar. Esse é um ponto delicado, já que, com o mar mais alto, mesmo tempestades menos potentes que Sandy poderão causar danos na mesma proporção.

Só agora uma das medidas prometidas pelo governo Obama após a passagem do furacão Sandy em NY está começando a sair do papel. O governo de Joe Biden iniciou a instalação de uma estrutura costeira para “envelopar” a ilha de Manhattan, a área mais vulnerável da cidade mais populosa dos EUA, com quilômetros de bermas e margens artificiais, para aumentar o espaço verde e mitigar os efeitos do avanço do mar. Financial Times e Grist deram mais detalhes dessa iniciativa.

Já o Washington Post levantou um evento colateral curioso do furacão Sandy. Àquela altura, o uso de modelos climáticos computadorizados era comum nos meios científicos, mas quase desconhecido entre os gestores governamentais. Depois de Sandy, o uso de modelagem ganhou espaço em órgãos governamentais, beneficiado por investimentos destravados naquela época pelo Congresso norte-americano. No entanto, alguns cientistas temem que a disseminação dos modelos climáticos, se não acompanhada por uma capacitação técnica adequada em leitura dos dados e entendimento do que eles estão dizendo, pode gerar mais confusão do que benefício em termos de planejamento para enfrentar os desastres do futuro.

 

ClimaInfo, 4 de novembro de 2022.

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