Lula quer COP27 como “virada” para política externa brasileira pós-Bolsonaro

Lula na COP27
NELSON ALMEIDA / AFP

O presidente eleito Lula participará da Conferência do Clima de Sharm El-Sheikh (COP27), no Egito, confirmou o comando do PT nesta 3ª feira (1º/11). De acordo com a presidente do partido, Gleisi Hoffmann, o futuro mandatário aceitou o convite do Consórcio de Governadores da Amazônia Legal e integrará a comitiva do grupo no Egito. Esta será a primeira viagem internacional de Lula depois de vencer Bolsonaro no 2º turno das eleições.

Além do convite dos governadores amazônicos, Lula também foi convidado pelo presidente do Egito, Abdel Fattah el-Sisi, para participar da COP. Em comunicado, o líder egípcio afirmou que “confia na capacidade do Brasil de desempenhar um papel positivo durante a Conferência para promover a ação climática na arena internacional”. CNN Brasil, Estadão, g1, Metrópoles e Reuters, entre outros, repercutiram a notícia.

Espera-se que Lula vá ao Egito na segunda semana da COP, entre os dias 14 e 18 de novembro. De acordo com O Globo, existe a possibilidade do presidente eleito anunciar o nome do futuro ministro do meio ambiente durante a viagem, junto com a criação de um ministério para os Povos Originários.

Segundo informou Guilherme Amado no Metrópoles, as ex-ministras Marina Silva e Izabella Teixeira são as favoritas de Lula para reassumir o MMA no próximo governo. Elas também estarão na COP27, bem como a senadora e ex-presidenciável Simone Tebet, que se aliou ao presidente eleito durante o 2º turno. A informação foi dada por Daniela Chiaretti no Valor.

A ida de Lula ao Egito será o primeiro movimento do presidente eleito para retomar o protagonismo brasileiro na agenda climática e na política internacional, como assinalou Matheus Leitão na VEJA. Nos últimos quatro anos, a explosão do desmatamento e o desmonte das políticas e dos órgãos ambientais colocou o Brasil em uma posição delicada no cenário global.

Conforme escreveram Ricardo Della Coletta e Julia Chaib na Folha, a questão do clima pode servir como uma forma menos custosa para o Brasil de Lula recuperar seu prestígio internacional sem lidar com temas internacionais mais espinhosos, como a guerra na Ucrânia e as tensões entre China e EUA.

Para Mathias Alencastro, na Folha, a vitória de Lula e sua ida à COP27 colocam a questão climática no centro da agenda política do novo governo, que poderá ser o primeiro “governo climático” da história do Brasil.

“Se a COP27 virar um mutirão de lideranças brasileiras, ela será o palco de Lula e de toda a frente ampla que derrotou a extrema direita”, escreveu Alencastro.

Em tempo: Alívio. Esta é a sensação de ambientalistas no Brasil e no mundo com a vitória de Lula. Em parte, o alívio não decorre do candidato vitorioso, mas de Bolsonaro não ter um segundo mandato para seguir no projeto de desmonte ambiental no Brasil. Nádia Pontes conversou com alguns cientistas e ambientalistas na Deutsche Welle e trouxe as expectativas e as preocupações em torno do novo governo e do novo Congresso.

 

ClimaInfo, 3 de novembro de 2022.

Clique aqui para receber em seu e-mail a Newsletter diária completa do ClimaInfo.