Desmatamento ainda foge do radar dos bancos ao redor do mundo

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Bay Ismoyo / AFP / Getty Images

Apesar de mais de 570 instituições financeiras e bancos terem aderido a uma iniciativa da ONU para zerar suas emissões líquidas até 2050, apenas ⅕ delas possui alguma política de combate ao desmatamento na produção de commodities, com míseros 6% com medidas concentradas nos segmentos de maior risco. Os dados são da Global Canopy, que divulgou nesta 5ª feira (3/11) uma análise sobre o desempenho socioambiental das empresas que participam da Aliança Financeira de Glasgow para Emissões Líquidas Zero (GFANZ), lançada durante a COP26 no ano passado.

A análise mostra que, um ano depois, a esmagadora maioria dos bancos e instituições financeiras que integram a iniciativa segue indiferente à vulnerabilidade de seus negócios e investimentos a riscos associados ao desmatamento. De cada cinco empresas, quatro (83%) sequer reconhecem o desmatamento como um risco. Apenas 20% (109) possuem uma política disponível publicamente para lidar com os riscos de desmatamento em pelo menos uma commodity com risco florestal, e somente 6% (36) contam com políticas que cobrem as quatro commodities de maior risco – produtos pecuários (carne bovina e couro), soja, óleo de palma e produtos madeireiros (incluindo papel e celulose).

“As instituições financeiras têm um papel importante a desempenhar na eliminação do desmatamento e no cumprimento das metas net-zero, mas precisam reconhecer o risco e trabalhar com as empresas para fornecer cadeias de suprimentos livres de desmatamento”, defendeu Helen Burley, da Global Canopy.

O Valor deu mais detalhes sobre o levantamento.

Em tempo: Um guia formulado pela TNC Brasil e pelo Imaflora oferece aos compradores de soja um framework referencial para evitar a aquisição de áreas e propriedades com problemas ambientais ou sociais. Esse tem sido um ponto bastante levantado no exterior nos últimos tempos, especialmente depois de Estados Unidos e União Europeia apresentarem propostas para restringir a entrada de commodities agrícolas produzidas em condições associadas ao desmatamento nos países produtores. Assim, as traders estão olhando com mais atenção a origem desses produtos para evitar possíveis sanções governamentais. O guia orienta quais tipos de informação os compradores devem cobrar dos vendedores. A notícia é do Valor.

 

ClimaInfo, 4 de novembro de 2022.

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