Cooperação entre Brasil e EUA no combate ao desmatamento pode ser resposta às crises climática e alimentar 

Cooperação Brasil EUA
AP Photo/Edmar Barros

Juntos, Estados Unidos e Brasil forneceram 66% da soja do mundo, 42% do milho, 30% das aves e 36% da carne bovina. Se essa produção diminuir, em um ou nos dois países, o mundo poderá enfrentar graves crises alimentares. 

Um dos fatores que amplifica o risco é o desmatamento na Amazônia, explicam Natalie Unterstell, do Instituto Talanoa, e Nigel Purvis, CEO da Climate Advisers e ex-vice-secretário de Estado adjunto para Oceanos, Meio Ambiente e Ciência nos Estados Unidos, em artigo publicado no The Hill

Eles citam modelos científicos segundo os quais o desmatamento contínuo da Amazônia poderá reduzir a precipitação entre 10% e 20% no Oeste dos EUA e, em níveis significativos, diminuir em 25% as chuvas sobre o Texas. Ainda segundo os autores, reduções de chuva podem ser esperadas em todo o Centro-Oeste norte-americano.

Se, no caso dos EUA, trata-se de uma perspectiva, no Brasil a produção agrícola brasileira já está sendo prejudicada, e especialistas projetam que o desmatamento contínuo custará ao setor agrícola do Brasil até um bilhão de dólares por ano devido ao menor volume de chuvas.

Para os autores, a vitória de Lula abre as portas para uma nova cooperação entre EUA e Brasil para combater o desmatamento e, com isso, resolver simultaneamente a insegurança alimentar e a crise climática.

Eles sugerem três ações que os Estados Unidos podem tomar para apoiar o governo Lula: 1) aumentar o apoio financeiro ao Brasil; 2) garantir que empresas e consumidores norte-americanos não estejam inadvertidamente contribuindo com o desmatamento; e 3) trabalhar para garantir que a candidatura do Brasil à Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) crie uma estrutura duradoura para proteger a Amazônia.

 

ClimaInfo, 7 de novembro de 2022.

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