Ucrânia aproveita COP27 para destacar impactos ambientais da invasão russa

COP27 Ucrânia
AFP/Getty Images

Nas Conferências da ONU sobre o Clima, é comum que diversos países montem pavilhões nacionais no espaço oficial, onde apresentam cases climáticos de sucesso e realizam eventos paralelos com as mais variadas agendas. Em Sharm el-Sheikh, isso é ligeiramente diferente: pelo menos um desses pavilhões nacionais não possui qualquer programação. O único propósito dele é mostrar a situação do país em meio a uma sangrenta guerra. 

Mesmo com uma parte de seu território ocupada pela Rússia, a Ucrânia está presente na COP27 e seu pavilhão nacional traz as marcas de um conflito sem perspectiva de terminar. Ao invés de enfeites coloridos, paredes com tom escuro, aspecto duro. Uma instalação traz amostras do solo ucraniano e os efeitos da guerra em um dos principais celeiros agrícolas do planeta. Por realidade virtual, os participantes da COP também podem ver a destruição das cidades ucranianas.

“Isso não é simplesmente uma guerra, é terrorismo de Estado e ecocídio”, acusou a ministra-adjunta do meio ambienta da Ucrânia, Svitlana Grynchuk, ao Guardian. “A invasão matou animais selvagens, gerou poluição e causou instabilidade social. O estado terrorista [Rússia] continua a enviar mísseis para nossas usinas. Nosso meio ambiente está ameaçado por causa desse ataque terrorista”.

A Associated Press destacou a apreensão de ambientalistas e especialistas ucranianos com os efeitos da guerra para o meio ambiente e o esforço climático do país. Os ataques a instalações de óleo e gás e o uso de armamento pesado pelas tropas russas deixaram um rastro de contaminação que demorará anos para ser limpo.

Uma das ideias da Ucrânia, abordada pela Bloomberg, caso vença a guerra contra a Rússia, é processar o governo de Moscou pelos impactos ambientais do conflito. “Estamos todos pensando em como gerar centenas de bilhões de dólares para ajudar os países em desenvolvimento a se protegerem da mudança climática. Sob essas condições, como alguém pode causar danos adicionais e insanos à natureza com suas ambições militares invasivas?”, questionou o presidente Volodymyr Zelensky na semana passada em gravação para o segmento de alto nível da COP 27. “Tais ambições merecem punição”. 

Enquanto isso, a Rússia de Vladimir Putin experimenta sua primeira COP depois da invasão à Ucrânia e das sanções ocidentais ao país. Como o Washington Post observou, representantes russos estão tendo dificuldades para estabelecer diálogos com outros países em Sharm el-Sheikh. Mesmo o tom adotado pelo presidente do Egito, Abdel Fattah al-Sisi, anfitrião da COP27 e próximo de Putin, frustrou os participantes russos ao defender o fim da “destruição e da matança” na Ucrânia.

 

ClimaInfo, 18 de novembro de 2022.

Clique aqui para receber em seu e-mail a Newsletter diária completa do ClimaInfo.