Quando o assunto é desmatamento na Amazônia tem gente fazendo hora extra nos últimos tempos, com motosserras e tratores e queimadas operando a mil. O Imazon (Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia) divulgou que a área desmatada na Amazônia, nos dez primeiros meses deste ano, chegou a quase 10 mil km² – mais de seis vezes a área da cidade de São Paulo. A “boa notícia” (contém ironia) é que esse é o segundo pior acumulado dos últimos 15 anos para o período, inferior apenas ao recorde registrado no ano passado. O desmatamento concentrou-se nos estados do Pará (56%), Amazonas (12%), Mato Grosso (11%) e Acre (9%).
O Globo explicou que o número é um prenúncio para os dados compilados do sistema PRODES, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), para o último ano fiscal, medido entre agosto de 2021 e julho deste ano. Não é à toa que o legado nefasto do governo Bolsonaro ganhou a “Menção Desonrosa” pelo “conjunto da obra” antiambiental, durante entrega do Prêmio Fóssil do Ano, concedido pela Climate Action Network na COP27.
O X da questão, como mostra O Globo, é que a equipe de transição está com dificuldades em obter os dados do PRODES – essenciais para que sejam estabelecidas as políticas públicas ambientais para a região e liberar os R$ 3 bi do Fundo Amazônia. De acordo com fontes ouvidas pelo jornal carioca e pela Pública, o relatório está pronto desde o mês passado (antes era divulgado em agosto), mas estaria bloqueado até o pós-COP.
Dados do INPE mostram que, no apagar das luzes do atual governo, são as chamas que estão correndo soltas no período pós-eleitoral. Entre os dias 1º e 16 de novembro, foram registrados 3.332 focos de calor em três estados cujos governadores são bolsonaristas e foram reeleitos: Amazonas, Acre e Rondônia, como noticiou o Valor.
Por essas e por outras, o colunista da Veja José Calado disse que a Amazônia, chamada por ele de “coração do caos”, vai garantir (ou não) o êxito do governo Lula, dependendo da habilidade do presidente eleito ao lidar com questões complexas como a grilagem na região.
Em tempo: Nos últimos 35 anos, o Brasil foi responsável por 70% das emissões de CO2 por desmatamento na Pan-Amazônia, segundo estudo do MapBiomas, publicado pelo InfoAmazonia. O avanço da agropecuária foi o grande motor das perdas florestais na Amazônia entre 1985 e 2020.
ClimaInfo, 21 de novembro de 2022.
Clique aqui para receber em seu e-mail a Newsletter diária completa do ClimaInfo.