A violência no Vale do Javari continua. Passados quase seis meses das mortes do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips, neste mês foi a vez de um grupo de indígenas da etnia Kanamari sofrer ameaças por parte de pescadores ilegais no rio Itacoaí, no Amazonas. Os indígenas foram cercados e atacados próximo ao local onde Dom e Bruno foram mortos. Pela denúncia da Associação dos Kanamari do Vale do Javari (AKAVAJA), três pescadores levando em suas embarcações dezenas de tracajás (quelônios da Amazônia) retirados da Terra Indígena chegaram a apontar uma espingarda na direção do peito de uma mulher kanamari. Ela relatou ao site Amazônia Real as ameaças de morte que recebeu. Segundo a reportagem, pelo menos 11 indígenas do território estão ameaçados de morte e foram incluídos na lista de pedidos de proteção ao governo brasileiro da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH). A OAB do Amazonas pretende oferecer denúncia sobre a ameaça aos Kanamari à CIDH. A agressividade dos pescadores, que voltaram a invadir a TI Vale do Javari, teria aumentado após a soltura de Rubens Villar Coelho, conhecido como “Colômbia” – apontado como mandante do assassinato de Bruno e Dom. O Globo também repercutiu o ataque.
Em nota, o Observatório dos Direitos Humanos dos Povos Indígenas Isolados e de Recente Contato (OPI) ressalta que “a situação vivida pelos Kanamari demonstra que as investigações dos assassinatos de Bruno e Dom não podem ser consideradas encerradas enquanto a organização criminosa que participou dos crimes permanecer atuando na região”.
Ainda sobre a tensão no Javari, o Estadão destaca que a equipe de transição do novo governo não incluiu representantes dos Povos Isolados da Amazônia ao criar uma comissão voltada aos Povos Originários e informa que uma rede de técnicos e especialistas na pesquisa sobre os isolados deve entregar um documento com recomendações à equipe de transição de Lula nesta semana.
ClimaInfo, 21 de novembro de 2022.
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