Nos últimos meses, diversos museus na Europa passaram a conviver com protestos de ativistas climáticos, que se prendem a obras de arte para chamar a atenção pública para a crise climática e a omissão governamental no seu enfrentamento.
As ações vêm levantando polêmica dentro e fora da comunidade ambientalista: por um lado, seus defensores argumentam que as intervenções atendem a esse objetivo de atrair os holofotes da imprensa e que as obras afetadas não são efetivamente prejudicadas; por outro, alguns observadores questionam se a ação chama mais atenção para os próprios ativistas, deixando o problema climático em segundo plano.
Goste-se ou não, a desobediência civil não-violenta não é algo novo: somente no último século, grupos como as Sufragistas e os defensores dos direitos civis e da luta antirracista utilizaram ações do tipo para chamar a atenção e conscientizar o público sobre esses problemas. Da mesma forma, o estranhamento de alguns a essas medidas também não é novo. O problema é que, agora, as autoridades governamentais estão utilizando essas ações para endurecer as leis contra manifestações.
O Inside Climate News fez um panorama das iniciativas recentes de governos no Reino Unido, Austrália e Estados Unidos para restringir o direito à manifestação, com risco de multa e até mesmo prisão. “O protesto é um direito fundamental, não um presente do estado. Nosso direito de protestar continua sendo atacado por um governo que pretende dificultar a defesa das causas pelas quais as pessoas acreditam”, afirmou Martha Suprir, da ONG britânica Liberty, sobre a proposta de lei antiprotesto em discussão no Parlamento.
No Guardian, a professora Helen Pankhurst, da Manchester Metropolitan University e da CARE International, comparou os ativistas climáticos com as Sufragistas do começo do século X. Para ela, a reação governamental contra os manifestantes de agora é parecida com aquela enfrentada pelas defensoras do voto feminino há mais de 100 anos. “Não tenho dúvidas que, daqui a 100 anos, [os ambientalistas] serão vistos como os verdadeiros heróis. Aqueles que ignoraram os sinais de alerta estarão – ou melhor, já estão – do lado errado da história”.
ClimaInfo, 28 de novembro de 2022.
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