Bancada “antiambiental” será desafio para o próximo governo

Câmara antiambiental
Antônio Augusto/Câmara dos Deputados

O desgoverno ambiental da era Bolsonaro pode estar acabando, mas deixa sementes na Câmara dos Deputados que podem dificultar a vida do próximo governo na retomada das políticas de proteção ambiental. 

((o)) eco trouxe dados do Monitor do Congresso que analisam o desempenho eleitoral dos parlamentares que mais se alinharam a projetos antiambientais do governo Bolsonaro nos últimos quatro anos.

Os parlamentares em questão votaram favoravelmente a cinco projetos antiambientais que tramitaram (ou estão em tramitação) no Congresso Nacional nesta legislatura – o PL 6299/02, o “PL do Agrotóxico”; o PL 3729/04, que flexibiliza o licenciamento ambiental; o PL 2633/20 (apensado ao PL 510/21), o “PL da Grilagem”; o PL 2510/19, que municipaliza áreas de proteção permanentes urbanas; e o pedido de urgência no PL 191/20, que autoriza a mineração e a construção de hidrelétricas em Terras Indígenas.

Dos 145 deputados identificados, 120 concorreram à reeleição, sendo que 75 obtiveram um novo mandato na Câmara (62,5%). Do restante, 19 tentaram outros cargos (apenas cinco foram eleitos, sendo três para o Senado) e quatro não concorreram, mas apoiaram um sucessor (nesse caso, os cinco candidatos apoiados por esses parlamentares em final de mandato foram eleitos).

Nessa conta, não estão incluídos outros vitoriosos que certamente vão causar problemas para as pautas ambientais na Câmara, como o youtuber Nikolas Ferreira, o mais votado de 2022, a indígena bolsonarista Silvia Waiãpi (AP), o ex-ministro da saúde Eduardo Pazuello, que foi o mais votado no RJ, e um ex-titular do meio ambiente do atual governo, que se elegeu deputado por SP.

Em tempo: Por falar em SP, a decisão do governador-eleito Tarcísio de Freitas de criar uma “supersecretaria” juntando Infraestrutura e Meio Ambiente com Logística e Transporte foi mal recebida entre os ambientalistas. De acordo com o Metrópoles, o principal temor é de que o novo governo paulista, que foi eleito com apoio de Bolsonaro, possa repetir o que o atual presidente fez na esfera federal, enfraquecendo a proteção ambiental e tratorando os órgãos de fiscalização, como a CETESB. Lembrando que a atual secretaria, criada pelo ex-governador João Doria com o objetivo de otimizar esforços, já trouxe um enfraquecimento significativo para a política ambiental em SP.

 

ClimaInfo, 29 de novembro de 2022.

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