Traders seguem comprando soja de desmatadores

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Amanda Perobelli/Reuters

Em uma nova reportagem investigativa, a Repórter Brasil traz exemplos concretos de aquisição de soja produzida em áreas desmatadas ilegalmente (e até embargadas) por grandes traders mundiais de commodities agrícolas. A denúncia ocorre há menos de um mês do anúncio, feito durante a Conferência do Clima de Sharm el-Sheikh (COP27), de eliminação total do desmatamento das cadeias produtivas até 2025. Batizado de “Roteiro do setor agrícola para 1,5ºC”, o plano define objetivos para barrar o desmatamento fomentado pelas empresas do agro, com foco na Amazônia, no Cerrado e no Chaco, e contou com a adesão de algumas das maiores traders do agronegócio mundial, como Cargill, Bunge, COFCO e Louis Dreyfus Company, junto com empresas brasileiras como Amaggi, JBS e Marfrig.

Organizações ambientalistas criticaram a proposta, afirmando que ela não traz nenhuma ação imediata para combater o desmatamento. “A eliminação rápida de todo o desmatamento em cadeias de fornecimento é tecnica e economicamente viável, e os maiores traders e frigoríficos têm o conhecimento, a capacidade e o acesso às ferramentas necessárias para fazê-lo. Será que eles têm vontade?”, questionou um manifesto conjunto publicado durante a COP.
Não custa lembrar: as multinacionais já possuem mecanismos para rastrear e monitorar o desmatamento nos biomas, como a Moratória da Soja – acordo que prevê o boicote à produção em áreas desmatadas na Amazônia após 22 de julho de 2008. Lançar um novo acordo que empurra essa data para 2025 e continuar comprando de áreas desmatadas não são bons indícios de que esse manifesto fará alguma diferença  na prática.

 

ClimaInfo, 30 de novembro de 2022.

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