ONU: mundo precisa dobrar financiamento para proteção da biodiversidade até 2025

COP15 da Biodiversidade
Wojtek Radwański/AFP

A proximidade da Conferência da ONU sobre Biodiversidade (COP15), que começa na próxima semana em Montreal, coloca em destaque um dos obstáculos mais notáveis para a proteção do meio ambiente e da diversidade biológica: a falta de financiamento.

Um novo relatório divulgado pelo Programa da ONU para o Meio Ambiente (PNUMA) nesta 5ª feira (1º/12) ressaltou que, se quisermos deter a perda de biodiversidade e ajudar a cumprir os objetivos climáticos do Acordo de Paris, o fluxo de recursos precisa pelo menos dobrar nos próximos três anos.

De acordo com a análise, o financiamento atual para soluções baseadas na natureza (SbN) está em US$ 154 bilhões/ano, o que representa menos da metade do investimento estimado como necessário até 2025 (US$ 384 bi anuais) para a proteção da biodiversidade, e somente 1/3 do valor até 2030 (US$ 484 bi).

A maior parte do financiamento atual sai dos cofres governamentais (83%), com o restante atendido pelo setor privado. Considerando as pressões fiscais e orçamentárias dos governos, o PNUMA destacou o papel central do capital privado para ampliar o financiamento para a natureza em US$ 230 bilhões nos próximos anos. Isso pode ser feito através de novos investimentos em cadeias de suprimento sustentáveis, da redução de atividades com impacto negativo na natureza e na compensação dos impactos inevitáveis por meio de mercados de natureza de alta integridade.

“A ciência é inegável. À medida que fazemos a transição para as emissões líquidas zero até 2050, também devemos reorientar toda a atividade humana para aliviar a pressão sobre o mundo natural do qual tanto dependemos”, destacou a diretora-executiva do PNUMA, Inger Andersen. “Isso exige que governos, empresas e finanças intensifiquem massivamente seus investimentos em SbN, porque os investimentos na natureza são investimentos para garantir o futuro das próximas gerações”.

A Reuters repercutiu essa notícia.

Em tempo: Aos poucos, negociadores e observadores começam a chegar em Montreal para a abertura da COP15 de Biodiversidade. O desafio é tremendo: depois de dois anos de atrasos, os países precisam fechar um acordo para elevar a proteção da diversidade biológica. No Guardian, um “negociador secreto” trouxe detalhes sobre as discussões prévias: por um lado, um grupo de países quer reforçar a meta global para proteger 30% do território terrestre e marinho até 2030, visto como um “norte” para os esforços diplomáticos; por outro lado, o obstáculo financeiro segue sendo um dos principais para a definição de um acordo forte em Montreal.

 

ClimaInfo, 2 de dezembro de 2022.

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