COP15: estudo da ONU propõe créditos de biodiversidade para destravar financiamento

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Mark Carwardine / WWF

Uma análise divulgada nesta 2ª feira (5/12) pelo Programa da ONU para o Desenvolvimento (PNUD) e o Instituto Internacional para o Meio Ambiente e Desenvolvimento (IIED) sugeriu uma velha conhecida das discussões sobre financiamento climático para destravar o fluxo de recursos para a proteção da diversidade biológica global – o uso de créditos atrelados a iniciativas de conservação.

Batizados de “biocréditos”, a ideia é que eles sirvam sob a mesma lógica dos famosos créditos de carbono. As empresas poderiam compensar os impactos de suas operações sobre a biodiversidade a partir da compra de créditos decorrentes de projetos de conservação, que comercializariam esses benefícios em troca de mais recursos para financiar sua manutenção e expansão.

“Os biocréditos oferecem uma solução tangível para o desafio de como financiar a conservação e a restauração da natureza”, defendeu Tom Mitchell, diretor-executivo do IIED. “Evidências de esquemas de biocréditos já mostram que eles podem ajudar a preservar plantas, animais e ecossistemas preciosos, mas também canalizar significativamente o financiamento para comunidades locais e povos indígenas, que são os guardiões mais eficazes da biodiversidade”.

De novo, a semelhança do argumento em defesa do biocrédito e do tradicional crédito de carbono é notável. Por isso, não é de surpreender que o ceticismo que coloca em xeque a utilidade dos esquemas de offset para enfrentar a mudança do clima seja parecido com aquele que contesta o potencial dessa estratégia de mercado para resolver a crise da biodiversidade.

“Assim como acontece com as compensações de carbono, os biocréditos correm o risco de agravar a crise da biodiversidade, permitindo que mais destruição ocorra, desde que seja supostamente compensada”, assinalou à Bloomberg Frédéric Hache, diretor-executivo do Green Financeira Observatory. Ele coordenou uma ação recente de organizações da sociedade civil que levaram à ONU uma carta criticando os créditos da biodiversidade como uma “solução falsa”.

 

ClimaInfo, 6 de dezembro de 2022.

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